Depois a gente não entende porque a criminalidade aumenta "neffepaiff". Como bem sabe todo estudante de primeiro ano de economia, bandido também faz cálculo de custo benefício. E isso envolve avaliar os riscos da "empreitada".
Vai cometer um crime? Quais os riscos de ser preso? Em sendo preso, qual a probabilidade de a pena ser grande? Qualquer um que more no brazilsão sabe que as chances de ficar preso por muito tempo são remotas. Logo, roube-se, mate-se e livre-se!
Mas o que você está querendo dizer com isso, rapaz? Explico. Mateus Meira, o doidaço que meteu bala numa platéria de cinema em Sampa matando três e ferindo vários, poderá pedir a tal da "progressão da pena" para o regime semi-aberto. É que os brilhantes desembargadores de São Paulo reduziram a pena do sujeito de mais de 100 anos para 48. A pena anterior era a soma pela condenação dos vários crimes cometidos pelo estudante de medicina naquele mesmo dia. Mas, com base na nossa moderníssima legislação, os desembargadores chegaram à brilhante conclusão de que os crimes todos foram praticados no mesmo ato e deveriam ser julgados como se fossem um só.
Assim, ao cumprir um sexto da pena ele pode pedir para sair de vez em quando e, quem sabe, assistir a uns filmezinhos por aí. Como já está preso há sete anos, no fim deste 2007 poderá pedir a semi-aberta.
Ah, um detalhezinho importante: o doidão confessou que mandou matar uma testemunha de acusação do processo. O crime só não foi levado a cabo porque o doidaço se desentendeu com o gente fina que contratara para executá-lo (executar o crime, não o doidaço).
Resumo da ópera: o cara mata três, fere um monte, manda matar uma testemunha de acusação no processo contra ele, cumpre sete anos de prisão e sai rindo da nossa cara. E tudo isso dentro da lei. Estas lei só podem ser feitas pelos bandidos. Um país assim tem como dar certo?
3 comentários:
Concordo contigo, meu amigo PH. A certeza de que vai ser punido - e não o suposto rigor de uma pena maior, que acaba não se confirmando - é o que faz uma pessoa pensar um pouco antes de cometer um crime. Por que ninguém - ou quase ninguém - fura um sinal onde tem uma câmera a fotografar os que cometem a infração? Porque sabem que não tem escapatória. Agora veja quantos carros há estacionados em local proibido. Se a polícia fosse multar todos, não daria conta de fazer outra coisa nas cidades. Como são poucos os policiais e guardas municipais para este serviço, vira zona. Num grau menor, é o mesmo que acontece com crimes mais graves. É, como vc disse, um simples estudo da relação custo/benefício. Mas um dia isso acaba.
Abração,
Marcelo Santos
O direitista/reacionário/liberal aqui sugere: tolerância zero!
Olá, publiquei um comentário no blog do Tambosi que reproduzo aqui:
"Sobre o comentário do ph, em que cita que seria mais importante, segundo a teoria econômica, o risco do bandido ser pego, eu diria que o efeito do aumento da pena seria maior ou menor de acordo com a probabilidade de resolução do crime. Ou seja, dado um determinado percentual de resolução do crime, aumentar a pena teria sim um efeito no comportamento do criminoso, só que este efeito seria maior a medida que a probabilidade de resolução do crime se aproxima de 1.
A expecativa de vida do grupo social ao qual o bandido pertence também pode influir na sua decisão. Vamos supor que a expectativa de vida dele seja de X, e cometa um crime com X-Y anos, sendo que a pena pelo crime é de Z anos, que é maior do que Y. Ora, visto que é aplicada uma pena que supera a sua expectativa de vida, ela tem o mesmo efeito da pena de morte, ou seja, a adoção da pena de morte é indiferente para um indivíduo cuja expectativa de vida é menor do que a idade em que será liberto pelo crime cometido.
O que pode ter acontecido nos últimos anos é que, dado o aumento da expectativa de vida e o fato de que as penas não foram aumentadas, acrescido o fato de que a maior parte dos crimes não são resolvidos e que existem vários institutos que possibilitam sair da prisão antes de cumprir toda a pena, as pessoas tenham se tornado mais dispostas a cometer crimes do que antes."
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