A estratégia era arriscada, mas Alckmin não tinha muita alternativa para o debate a não ser a que adotou. Mas parece que o eleitorado não gostou muito. Caiu três pontos na pesquisa do Datafolha e a distância para o Noço Guia aumentou para 11 pontos. Os eleitores não viram o debate como tendo sido uma surra de Alckmin em Lula, como muitos acharam (inclusive eu).
Para ajudar a entender como pensa o eleitor, sugiro o artigo "Estupidez moralista", do Cláudio Weber Abramo, no blog A Coisa Aqui Tá Preta - com o qual não concordo integralmente. Abramo defende que não se pode concluir que o povo brasileiro é tolerante com a corrupção só porque Lula se mantém à frente nas intenções de voto, mesmo com tantas denúncias.
Argumenta que ninguém toma decisões apenas com base em fatores morais. Os fatores materiais podem se sobrepor aos morais, no caso dos que recebem os caraminguás do Bolsa Família. Prova disso é que lá no Nordeste o Noço Guia chegou a ter 70% dos votos em algumas regiões.
Concordo com a avaliação: é claro que quem passou a ganhar 50 ou 100 reais agora tem tudo para votar em Lula, mas lastimo que as decisões estejam sendo tomadas com o estômago. Assim que o dinheiro deixar de ser pago, Lula passará a ser odiado. Ou será pago para sempre? Como diz o professor Tambosi, o PT está tomando o lugar dos coronelões nos cafundós do Brasil.
Abramo diz que é moralismo, ou pensamento pequeno-burguês, pensar que o cidadão morto de fome deva colocar os preceitos morais antes dos materiais. Pode estar certo, mas isso é um sinal de que estamos perdidos: o partido que prometia mudar "este país" age mesmo como os coronelões. O objetivo é ter o voto dos pobres.
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