quarta-feira, janeiro 31, 2007

No escurinho do cinema...

Depois a gente não entende porque a criminalidade aumenta "neffepaiff". Como bem sabe todo estudante de primeiro ano de economia, bandido também faz cálculo de custo benefício. E isso envolve avaliar os riscos da "empreitada".

Vai cometer um crime? Quais os riscos de ser preso? Em sendo preso, qual a probabilidade de a pena ser grande? Qualquer um que more no brazilsão sabe que as chances de ficar preso por muito tempo são remotas. Logo, roube-se, mate-se e livre-se!

Mas o que você está querendo dizer com isso, rapaz? Explico. Mateus Meira, o doidaço que meteu bala numa platéria de cinema em Sampa matando três e ferindo vários, poderá pedir a tal da "progressão da pena" para o regime semi-aberto. É que os brilhantes desembargadores de São Paulo reduziram a pena do sujeito de mais de 100 anos para 48. A pena anterior era a soma pela condenação dos vários crimes cometidos pelo estudante de medicina naquele mesmo dia. Mas, com base na nossa moderníssima legislação, os desembargadores chegaram à brilhante conclusão de que os crimes todos foram praticados no mesmo ato e deveriam ser julgados como se fossem um só.

Assim, ao cumprir um sexto da pena ele pode pedir para sair de vez em quando e, quem sabe, assistir a uns filmezinhos por aí. Como já está preso há sete anos, no fim deste 2007 poderá pedir a semi-aberta.

Ah, um detalhezinho importante: o doidão confessou que mandou matar uma testemunha de acusação do processo. O crime só não foi levado a cabo porque o doidaço se desentendeu com o gente fina que contratara para executá-lo (executar o crime, não o doidaço).

Resumo da ópera: o cara mata três, fere um monte, manda matar uma testemunha de acusação no processo contra ele, cumpre sete anos de prisão e sai rindo da nossa cara. E tudo isso dentro da lei. Estas lei só podem ser feitas pelos bandidos. Um país assim tem como dar certo?

domingo, janeiro 28, 2007

Sobre governos e mercados

Vejam como este parágrafo de Principles of Economics (Gregory Mankiw) tem tudo a ver com o post anterior.

"To say that the government can improve on markets outcomes at times does
not mean that it always will. Public policy is made not by angels but by a political
process that is far from perfect. Sometimes policies are designed simply to reward
the politically powerful. Sometimes they are made by well-intentioned leaders
who are not fully informed. One goal of the study of economics is to help you
judge when a government policy is justifiable to promote efficiency or equity and
when it is not." (p. 10)


Não falei que os caras não estudam economia?!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Notícias do Brasil

Não tem nada a ver com PAC, não. São duas notícias que vi na televisão ontem à noite que dão a medida exata do que é o brasilzão.

1. Há milhares de crianças na fila de adoção, mas as regras dificultam o processo. Os casais brasileiros preferem as crianças recém-nascidas, de pele clara. Já os estrangeiros não dão bola para a cor da pele. Logo, num país como o Brasil, a tendência seria que os estrangeiros adotassem mais crianças, certo? Errado. Não aqui. O número de adoção por estrangeiros caiu nos últimos dois anos. O Estado, que nada faz por nós a não ser cobrar impostos altíssimos, impede que nossas crianças pobres e abandonadas tenham um futuro melhor alhures.

2. Em algumas cidades do sertão nordestino, algumas mulheres descobriram uma fonte de renda alternativa: parir! Estimuladas pelo salário maternidade, algumas delas têm um filho por ano. Uma moça de 27 anos tem nove filhos. O salário maternidade, que deveria ser usado para criar os filhos, é usado na construção de casebres e até para comprar cabras. ´
O pessoal do governo deveria estudar Economia. Medidas como o salário maternidade, mesmo que criadas com boa intenção, pode redundar em aberrações como essas. Esse é um ótimo exemplo de verificação de um pressuposto da microeconomia: as pessoas reagem a incentivos. Se o governo me paga para ter filhos, por que não os teria? O resultado é claro: o alastramento da pobreza numa região já miserável. É preciso que o governo deixe de populismo e estude mais, para não fazer bobagens monumentais, como essa.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Matéria minha na Foco

De volta das "férias". Sem muita inspiração e ainda em crise de identidade (do blog, diga-se), deixo um link de uma matéria que publiquei na revista Foco Economia.