terça-feira, fevereiro 28, 2006

Dezessete anos depois...

... de terminar o segundo grau, volto a estudar matemática. Na faculdade de jornalismo, claro, não estudei nada de matemática. Vi alguma coisa de lógica, de forma bem superficial, principalmente a parte de falácias. No mestrado em História da Ciência, li um pouco mais sobre história da lógica, mas matemática, mesmo, aquela de resolver problemas, só agora.
De acordo com algumas teorias sobre cognição, haveria períodos ideais para o aprendizado de determinadas coisas. Uma língua estrangeira deveria ser aprendida cedo, até a adolescência. Assim, também a matemática seria coisa para jovens. Os grandes matemáticos fizeram suas maiores contribuições para a disciplina ainda antes dos 30 anos. A medalha fields, a Nobel da matemática, só é concedida a matemáticos que não tenham ultrapassado essa idade.
Mas, como não tenho pretensão alguma em colocar tal medalha no peito, retomo com gosto juvenil o estudo da matemática. Aliás, nem tão juvenil assim, já que, quando (mais) jovem, em plena rebeldia adolescente, considerava a matemática inútil para minhas pretensões de mudar o mundo.
O fervor juvenil passou e, agora, lúcido outra vez, retomo os estudos. Explico: estou começando um curso de preparação para fazer a famosa prova da Anpec (Associação nacional dos Economistas). Matemática, estatística, economia brasileira, micro e macroeconomia. Na primeira aula, de apresentação, o professor disse que a turma é muito eclética; "tem economista, advogado, administrador e até jornalista".
Jornalistas não costumam gostar de matemática ou de nada que exija rigor e raciocínio formal - é claro que há as exceções. Como fiz jornalismo na graduação, decidi que na pós estudaria de verdade. Completo o mestrado, vou tentar um doutorado ou em história da ciência, ou em economia. Na minha opinião, os estudos em comunicação são, na maioria dos casos, uma verdadeira perda de tempo; pseudo-ciência.
Mas admito que não é fácil voltar aos livros de funções e, pela primeira vez, encarar o cálculo.
O coordenador do curso não parece acreditar que eu possa encarar a empreitada, difícil até mesmo para os economistas mal-formados. Aconselhou-me assistir às três primeiras aulas e voltarmos a conversar em seguida para ver se tenho mesmo condições de acompanhar o curso. Estou determinado a desapontá-lo.
Da primeira lição, os economistas mais heterodoxos não vão gostar muito: macro=micro=matemática. Ou seja, estude matemática e você aprenderá micro e macroeconomia. A ortodoxia econômica aborda a macroeconomia do ponto de vista da microeconomia, ou seja, dos postulados da teoria neoclássica do comportamento do consumidor e da firma, que, em última instância, são abordagens matemáticas. Conto mais à medida que esse mundo novo se me apresentar.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

O roto e o esfarrapado

A funkeira Tati Quebra Barraco abandonou o trio elétrico da cantora Ivete Sangalo porque não gosta de axé. Com um gosto musical refinadíssimo, apurado durante anos nos morros cariocas, a moça não agüentou o pobre ritmo baiano e se mandou. E repetiu isso no dia seguinte.
A barraqueira ganha a vida a sapecar versos sofisticados como: "é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado", ao ritmo do que os cariocas chamam de "funk". Até isso eles fizeram: acabaram com a imagem do bom e velho funk americano. Salve James Brown! Por que é que nossos favelados são muito menos talentosos do que os americanos?
Cá pra nós: axé e "funk" carioca no mesmo trio elétrico é de fazer qualquer um ir pro céu sem passar pelo purgatório. Ainda bem que o carnaval já tá acabando.

domingo, fevereiro 26, 2006

O Haiti é aqui


O desgoverno Lula entrou nessa de mandar força de "paz" para o Haiti e acho que acabou influenciado. Como é que um governo que não consegue cuidar das coisas aqui mesmo vai se meter num barafunda daquelas?! Mas não dá pra dizer que o Lula não aprendeu alguma coisa com os haitianos. Não sejamos injustos: o homi não lê, mas aprende. Aprendeu a como manter a economia estagnada.
Agora os números são oficiais: o PIB do Brasil foi o segundo que menos cresceu no ano passado. Atrás de quem? Do Haiti, claro. Afinal, são dois países industrializados e que podem se dar ao luxo de patinar durante um ano inteiro.
Não precisa ser economista formado em Harvard para saber que com as taxas de juros mais altas do planeta não se podia esperar algo diferente. Nos três primeiros anos do apedeuta, a economia cresceu majestosos 2,5%! Não é uma beleza pra quem prometeu 10 milhões de emprego? Alguém precisa avisar pra aquela mistura de Jaba com anão de jardim que sem crescimento não tem emprego. Mas o que ele quer mesmo é o povão precisando de cesta básica pra votar nele em outubro - igualzinho aos coronéis a quem passou a vida criticando.
Os petistas diriam que também no governo do príncipe o país cresceu a taxas pífias, o que é fato. Acontece que isso apenas faz o tucano pousar numa das pontas da estrela vermelha. São todos iguais. Acresce que o apedeuta não enfrentou nenhuma crise externa de liquidez, como as que encarou o efeagacê. Enfim, estamos fadados à mediocridade.
Reproduzo aqui um mapa surrupiado do blog do Aluizio Amorim (link ao lado).

sábado, fevereiro 25, 2006

Isso não é um país, é uma lata de lixo



Com algum atraso, reproduzo aqui um manifesto de várias entidades contra a prisão arbitrária do professor Nilson Lage, do curso de jornalismo da UFSC, um dos maiores pesquisadores da área de jornalismo do país.
O professor estava dirigindo em uma rua na praia do Campeche, em Florianópolis, onde mora, quando se sentiu mal. Parou o carro e, segundo conta, "apagou". Ele mesmo aponta como possível causa do mal-estar o efeito de remédios que toma diariamente contra a depressão.
O professor diz se lembrar apenas de que acordou apanhando dos policiais, que o levaram para a delegacia e o prenderam sob a acusação de desacato à autoridade.
As marcas da agressão estão na foto, mas não todas. Ser surrado pela polícia enquanto ainda estava inconsciente, aos 69 anos, deixa marcas que uma câmera fotográfica não consegue captar.
A polícia catarinense é a mesma que, na semana anterior, prendera um fotógrafo do Diário Catarinense enquanto fotografava uma manifestação pacífica contra o sistema de transporte da capita catarinense. Detalhe: os manifestantes foram agredidos por meia dúzia de capangas de não se sabe quem. Os trogloditas distribuíram porrada e arrancaram faixas e cartazes da manifestação. Pela ação rápida e violenta, suspeita-se que sejam seguranças particulares que, na sua maioria, são PMs que fazem bicos nas horas de folga para completar o salário ridículo que lhes paga o estado.
Agora perguntem se algum troglodita foi preso? Não, claro que não. Eles só prendem (e espancam) jornalistas - um no exercício da profissão, o outro, um senhor desacordado. COVARDES!
Nos dois casos, parece que vai ficar por isso mesmo: a palavra dos meganhas contra a dos cidadãos a quem os covardes deveriam proteger. E o que dizem as otoridadi? Não vi nenhum pronunciamento do governador, que está mais preocupado em se reeleger. É incrível como eles não pensam em outra coisa, como em administrar. E isso vale para o soneca e para o apedeuta. Santa Catarina já foi um estado diferente, onde as coisas funcionavam um pouquinho melhor do que no resto do bananão. Florianópolis, então... Está largada às traças! Bando de incompetentes, gente muito, mas muito abaixo da crítica está no poder, tanto no estado quanto na capital de todos os catarinenses.
Em tempo: o único jornal que publicou a matéria da agressão ao professor Lage foi O Globo, onde, aliás, ele trabalhou. As fotos daqui foram surrupiadas do blog do Tambosi.
Nilson Lage é o tipo de profissional difícil de se encontrar hoje em dia. Alia erudição com o conhecimento técnico da profissão como ninguém. Ensina como escrever um lide com a mesma naturalidade com que fala de Hegel ou da teoria do caos. Um Nilson Lage em cada redação de jornal, revista e TV e o jornalismo estaria em um outro patamar, neste bananão. Já rodei por várias redações do país, mas nunca encontrei que chegasse nem perto. É um fenômeno que atrasa o desenvolvimento da profissão: a juvenilização. É tarefa hercúlea encontrar profissionais com mais de 50 anos nas redações. Os jornais e revistas preferem os profissionais recém-formados porque são mais baratos e trabalham até 12 horas por dia. Não é raro encontrar editores com 30 anos de idade! Está aqui boa parte da qualidade miserável do jornalismo tupiniquim.
Não quero, com isso, dizer que não se faz o que fizeram com o Nilson só porque é um profissional do mais alto nível; NÃO SE FAZ ISSO COM NINGUÉM! Mas, aqui no bananão, noções de República e direitos civis estão na lata do lixo. Um lixo isso aqui!
Desculpem-me, meus (dois) leitores, pelo texto longo, mas é um desabafo.
Segue o manifesto.


"As entidades e instituições abaixo relacionadas denunciam com veemência a inexplicável e bárbara violência cometida contra o professor universitário, jornalista e escritor Nilson Lage, preso e espancado por policiais militares no último final de semana, em Florianópolis, Santa Catarina.
O professor Nilson Lage sentiu-se mal no último sábado, quando dirigia no bairro onde vive, em Florianópolis, conseguiu parar o carro, mas ficou desacordado. Em vez de receber a ajuda que necessitava naquele momento, foi hostilizado pela Polícia Militar ao ser encontrado dormindo dentro do veículo. Foi algemado, jogado em um camburão e levado a uma delegacia. As marcas em seu corpo – principalmente nos punhos e nos ombros – comprovam a inexplicável violência contra um senhor que neste 2006 completa 70 anos de idade.
Nilson Lage conta com uma trajetória de amplos serviços prestados ao longo dos últimos 50 anos como jornalista, professor e pesquisador do jornalismo. Trabalhou, como profissional jornalista, nas principais redações do Rio de Janeiro, entre as quais as do Diário Carioca, Jornal do Brasil, Última Hora, O Globo, Bloch Editores e TVE. Paralelamente, fez uma brilhante carreira acadêmica como professor da Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro e outras instituições de ensino. Desde 1992, trabalha como professor Titular do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. É autor utilizado como referência em todos os cursos de graduação e citado em dissertações e teses sobre jornalismo, com obras vendidas aos milhares.
Reiterando nosso protesto pela violência do comportamento policial, solicitamos às autoridades competentes a apuração do caso, a punição dos responsáveis, o reparo dos danos morais e a tomada de providências quanto ao preparo das nossas polícias, para que lamentáveis fatos como estes não voltem a ocorrer em Santa Catarina ou em qualquer lugar do país.
São injustificáveis e inaceitáveis espancamentos por quem deve garantir a paz, e o abuso da força por quem, ao tê-la, deve impedir o seu uso. Lembramos que justamente aqueles que detêm o poder devem assegurar tratamento humano e digno a todos os cidadãos."
23 de fevereiro de 2006Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ
Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo – FNPJ
Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJor
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina – SJSC
Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro - SJPMRJ
Associação dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina – APUFSC – Seção Sindical do Andes
Centro Acadêmico Adelmo Genro Filho do Curso de Jornalismo da UFSC
Departamento de Jornalismo da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Tá liberado!

Policiais de Santa Catarina e região: agora tá tudo liberado! Quando vocês virem um fotógrafo profissional fotografando alguma coisa de que não gostarem, podem impedí-lo de exercer o direito constitucional de bem informar ao público, prendê-lo, descer o cassete no abelhudo e quebrar o equipamento do pobre coitado que nada de mal lhes acontecerá. Muito pelo contrário; o dito cujo é que ainda será demitido por justa causa pela empresa solidária que, momentos antes, o incumbira de fotografar o tal evento que você, policial zeloso das garantias constitucionais, julgou ser puro atrevimento. Dêem uma espiada aqui pra entender a história (http://www.fenaj.org.br/). O Bananão não tem mais jeito, mesmo.

domingo, fevereiro 19, 2006

Messianismo


Uma coisa que sempre me incomodou no pessoal do PT é o messianismo; a crença mesmo de que dispunham da chave milagrosa para tudo resolver. Só eles, os joãzinhos-do-passo-certo, seriam capazes de acabar com as mazelas do país. Parece óbvio que tal forma de pensar - e de agir - pode, facilmente, descambar para o autoritarismo. E não deu outra quando chegaram ao governo. Na cabeça dos messiânicos, a ladroagem é justificada em nome da causa de "mudar o país". "Vamos comprar a colaboração da velha elite que só quer mesmo se locupletar."
Conto um caso que me aconteceu quando ainda morava em Florianópolis (bons tempos aqueles!). Estava eu caminhando pela praça que separava o então palácio do governo da Assembléia Legislativa. Tinha recém-comprado um livro pelo qual procurava há um bom tempo, que me fora indicado pelo mestre Hélio Schuch. Distraído e andando devagar, fui alcançado por uma colega de profissão, assessora de imprensa do PT, com quem costumava conversar freqüentemente. Perguntou-me sobre o que lia tão atentamente. Mostrei: Ensaios Analíticos, cujo autor lhe causou arrepios.
- Má-rio-Hen-ri-que-Si-mon-sen!!!???, perguntou-me abismada. E seguiu a esculachar o pobre.
É essa mentalidade pela qual tenho desprezo. Esse tipo de coisa fez com que jamais fosse filiado ao PT, apesar de ter cometido o erro de votar em seus candidatos. Pensam, todos, conforme a cartilha do partido. Como procuro não seguir discursos prontos, tenho mantido distância dessa gente - para manter o que resta de minha saúde intelectual.
Ah, ia esquecendo: o livro é uma maravilha.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Link não recomendado para presidentes petistas

Caros, segue um link interessantíssimo com textos sobre vários campos da filosofia http://www.cesat.br/biblioteca/web/filosofia.htm . Tem um texto sobre o teorema de Gödel que é uma beleza. Boa leitura.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Discussão de alto nível

Recomendo a visita ao blog do Cláudio Weber Abramo (link ao lado - A coisa aqui tá preta). Uma discussão do mais alto nível sobre religião, misticismo, ciência, etc, originada pela celeuma das charges sobre Maomé. Acresce que concordo com Cláudio, que tem a coragem de expressar pontos de vista que poderiam ser interpretados como politicamente incorretos. Vale a pena.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Votar nunca foi tão difícil quanto em 2006

Os tucanos se recusaram a apear o presidente Lula do poder e agora podem pagar o preço pela displicência. Como divulgou o Valor hoje, pesquisas eleitorais feitas a pedido de dois partidos políticos indicam que Lula bate os tucanos nos dois turnos. É claro que os tucanos quiseram preservar o próprio bico - ou seria o rabo deixado ao longo dos dois mandatos?
O apoio ao presidente sobe nas classes mais pobres e Serra ganha força entre os mais ricos. Pontos a favor do governo são o aumento (mínimo) do salário mínimo, o pacote em favor da construção, a autosuficiência na produção de petróleo e outros menos visíveis para o populacho, como a queda do risco país. Os pontos negativos são do conhecimento de todos: a roubalheira e o crescimento econômico pífio, mesmo com as condições externas as mais favoráveis dos últimos 20 anos.
É o governo da mesmice. Pensando bem, eles até inovaram um pouco na corrupção.
Os tucanos apostaram na estratégia de manter Lula fragilizado para tripudiar sobre ele em outubro. Subiram no salto e acharam que a eleição estava no papo. Ledo engano.
O apoio a Lula vai ganhar força na esteira dos processos de cassação de deputados: os que estão sob risco de serem guilhotinados terão as cabeças poupadas pelos governistas, em troca de apoio eleitoral. Quem duvida que ainda há muita grana escondida por aí para comprar apoio?
Nunca um cenário foi tão propício para o voto nulo. Mas queria mesmo era poder votar em Jefferson Peres, mas é improvável que o senador seja candidato pelo PDT, que tem como nome forte o ex-petista Cristovam Buarque.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Isso é que é transparência!


E depois tem gente que reclama de que os governos não são transparentes. Vejam o que publicou o Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, cujo governador é Luiz Henrique da Silveira, ex-presidente nacional do PMDB. A matéria é da repórter Ana Minosso, do Diário Catarinense. O governador tem motivos pra sorrir, já que a máquina da reeleição está preparada.


Secretaria de São Miguel do Oeste divulga texto de campanha no Diário Oficial , em desacordo com a legislação

Um ato complica a definição do que é público do que é partidário na Secretaria de Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste. Há pouco mais de um mês, o secretário regional José Carlos Zandavali Fiorini (PMDB) chamou os líderes peemedebistas da região do Extremo Oeste para organizarem a campanha eleitoral de 2006 e a reeleição de Luiz Henrique. Dois dias depois, aparece publicado no Diário Oficial (o jornal responsável pelas publicações governamentais) um resumo do encontro político. Em forma de carta, foi endereçada ao governador (veja o conteúdo ao lado) e carrega a assinatura de Juca Fiorini, como é conhecido o secretário regional. A publicação de 35 centímetros, na página 31, vem abaixo de uma publicação oficial da secretaria de São Miguel do Oeste que chama para uma licitação. Na Secretaria Regional de São Miguel do Oeste, a primeira criada por Luiz Henrique, ninguém sabe como a carta foi parar no Diário Oficial. Ninguém sabe também quem vai pagar por ela. A Diretoria de Gestão de Atos Oficiais (ex-imprensa oficial), responsável pelo Diário Oficial, afirma que a carta foi encaminhada pela secretaria regional, mas não houve nenhuma solicitação para desvinculá-la dos anúncios oficiais. Tanto que a nota fiscal para cobrança das despesas de dezembro (aí incluído o valor da carta) foi encaminhada a São Miguel do Oeste em meados de janeiro, pelo Correio. Tudo leva a crer que a carta política seria paga com recursos públicos, junto com as outras publicações. Mais do que publicar no Diário Oficial uma carta política, o gesto demonstra que a hoste peemedebista está se preparando fortemente para a eleição. Com a gestão descentralizada em 30 secretarias regionais pelo Estado, ficará difícil aos órgãos de fiscalização manterem um controle sobre os atos dos correligionários de Luiz Henrique. Governador teria reclamado em 2002 No Extremo Oeste, o arranjo de um grupo de trabalho para o pleito foi feito depois de reclamações do próprio governador. Na eleição de 2002, ele teria constatado "falta de organização" naquela região. A celebração entre os correligionários do PMDB foi feita na noite de 13 de dezembro, no Hotel San Villas, de propriedade de Juca Fiorini, o secretário regional. A coordenação política coube ao ex-prefeito Luiz Basso (PMDB). Basso ocupa o 2º cargo mais importante da Regional de São Miguel do Oeste, o de diretor-geral. Além dele, outros sete nomes figuram no que ele considera o "grupo pensante" da eleição, inclusive o próprio assessor de imprensa da regional, Ivan Anzolin, responsável pela divulgação dos atos do grupo.

(Trechos da carta)
"São Miguel do Oeste, 14 de dezembro de 2005
JOSÉ CARLOS ZANDAVALI FIORINI, SECRETÁRIO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL - SMO
Sr. Governador
Na data de ontem, reunimo-nos com os Prefeitos e Presidentes do PMDB, dos doze (12) municípios que compõe esta região onde, na oportunidade, elegemos o Coordenador Político Regional para organizar a próxima campanha eleitoral, e o fizemos criando como forma de apoio - um grupo de trabalho, composto por três (03) subcoordenadores, observando - norte, centro e sul da região; um secretário geral; um encarregado de divulgação e dois assessores"
Isso tudo, para que este grupo de forma responsável e organizada, realize as reuniões, os comícios, os encontros e tudo relacionado com a campanha política, não repetindo a falta de organização verificada na última campanha ao Governo do Estado, na região, quando Vossa Excelência constatou as falhas e solicitou providências.
Pretendemos agora, com o nosso incondicional apoio, de logística e operacional, criar as melhores condições para divulgar as mensagens, os atos de governo, mobilizar os companheiros e levar ao conhecimento da população a imagem do governador como pessoa de fácil acesso, atenciosa, responsável, cumpridor de sua palavra, interessado com o desenvolvimento econômico-social e o bem-estar da gente do Extremo Oeste.
(...)
Constatamos de que todos querem demais ter um contato fraterno com o seu companheiro Luiz Henrique, Governador do Estado, não para tratar com ele assuntos administrativos, pedidos, etc... mas, para estreitar, os laços de amizade, de aproximação, e de convivência.
(...)
Na nossa modesta forma de entender e agir, que é do conhecimento de Vossa Excelência, respeito e também comungo, com esta idéia e com este procedimento que vem sendo adotado, de forma a dar preferência ao que é mais importante para o desenvolvimento da gente catarinense, criando condições, com ações rápidas e modernas de administração - afastando-se da política "velha", "velhaca", como Vossa Excelência tem dito.
Nada mais tendo para o momento, fico no aguardo de um posicionamento e aproveito o ensejo para lhe enviar meu cordial abraço.
Atenciosamente, JUCA FIORINI"
Publicada no Diário Oficial de 15 de dezembro de 2005.


Sem comentários!

domingo, fevereiro 05, 2006

Marconi e o celular


Continuemos na seara da história da ciência, desta vez sem nenhuma menção aos nossos infortúnios políticos atuais. A seguir, um trecho de um entrevista de Guglielmo Marconi à Kate Carew, do The New York Tribune, em abril de 1912. É uma das muitas que constam do excelente A Arte da Entrevista, organizado por Fábio Altman. No começo da segunda década do século XX, Marconi antecipa uma das tecnologias mais usadas neste começo de século XXI.

- O senhor acha que está chegando o momento em que dispensaremos os métodos comuns de comunicações, tais como telefones e cartas?
O senhor Marconi com certeza é muito perspicaz. Pude perceber isso muito bem
- Certamente que sim! Seremos capazes de sintonizar nossas mentes. Tenho certeza. Já fazemos isso agora, até certo ponto, mas algum dia, quando for a um restaurante e o garçom, lhe perguntar: "Sozinha?" Você dirá: "Ah, não, eu espero alguém". Você enviará uma onda ou duas ondas e logo este certo alguém irá aparecer.
Ele riu da expressão de espanto em meu rosto. Por isso contive o meu deleite:
- E se outro alguém estiver me chamando ao mesmo tempo?
- Ah, mas você pode receber e transmitir simultaneamente, você sabe - respondeu ainda mais divertido.

O livro é imperdível! Histórias saborosas e entrevistas do tipo que não se vê atualmente, infelizmente.

[Lá se vai um dos últimos do estoque de Dona Flor]

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Simplício às avessas


Simplício é o personagem criado por Galileu Galilei para defender o geocentrismo ptolomaico-aristotélico no célebre Diálogo sobre Duas Novas Ciências. Argumentava com base nas evidências do sentido, no que viam os olhos, contra as evidências "científicas" apresentadas por Salviati e Sagredo. Cá pra nós, seriam os deputados e senadores governistas um tipo de Simplício às avessas - olham para o que é dado, para o que está claro, para os fatos, enfim, e não admitem sua existência?

[Fumando um belíssimo Dona Flor Pirâmide - porque não sou o Delúbio, cuja conta bancária permite fumar Cohibas autênticos]