quinta-feira, janeiro 31, 2008

"Cotas estimulam o ódio racial"

Essa entrevista do Estadão está ótima. O procurador simplesmente destrói esse discurso politicamente correto das cotas. Segue um trecho.

O polêmico debate sobre a reserva de vagas da universidade para estudantes negros e egressos do ensino público ganhou um novo ingrediente com a liminar que o procurador da República Davy Lincoln Rocha conseguiu da Justiça Federal para suspender o sistema na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na sexta-feira, e as opiniões fortes que ele vem emitindo desde então. Na ação, Rocha sustentou que as cotas não estão previstas em lei, que a autonomia não dá às universidades o direito de legislar e que a Constituição estabelece a igualdade de direitos.

Em comentários posteriores, ele considerou o sistema de cotas uma hipocrisia que coloca pessoas despreparadas na universidade e propôs que as compensações aos negros e aos pobres sejam pagas por toda a sociedade por meio de bolsas de estudo e não cobradas de estudantes que se saíram melhor no vestibular. Afirmou, ainda, que os cotistas estarão sujeitos ao vexame na faculdade e à discriminação no mercado.

Rocha, de 48 anos, baseia-se na sua experiência para contestar as cotas. Filho de um retirante do Piauí e de uma cabocla catarinense, se considera um “vira-lata racial”. Mas conta que, por esforços próprios, seu pai se formou em Letras e se tornou tradutor da missão naval dos Estados Unidos no Rio, e a mãe saiu do analfabetismo já adulta para se formar em enfermagem. Rocha só estudou em escolas públicas, é formado em Engenharia e Direito e passou em concurso para a procuradoria da República em Santa Catarina em 1998.

Justiça PC

O desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), suspendeu, nesta quinta-feira, a liminar da Justiça Federal de Florianópolis que derrubava o sistema de cotas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Flores Lenz entendeu que a liminar deveria ser suspensa, tendo em vista a jurisprudência sobre o assunto no TRF4. O caso ainda será analisado pela 3ª Turma do tribunal. Leia aqui.

A decisão já era esperada. O desembargador, assim como todo o tribunal, prefere ser politicamente correto a cumprir um preceito constitucional básico, a saber, o de que todos são iguais perante a lei.

Eu fui um dos prejudicados pelas cotas. Fiz vestibular e fiquei em 95º lugar no curso de sistemas de informação, que oferece 100 vagas. Por causa das cotas, não fui classificado.

Eu poderia ter optado pela cota, já que sempre estudei em colégio público. Mas não optei pela esmola. Sim, é uma burrice sem tamanho. Mesmo tendo estudado em escola pública, passei no vestibular de 1993 para jornalismo na própria UFSC. Não precisei de cota nenhuma.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sentença irretorquível

Recorrer à Justiça é um direito garantido em todo Estado democrático. Ao contrário do que pensam os que defenderam o ladrão do relógio de Luciano Huck, a lei deve prevalecer para que vivamos com alguma descência. Pois bem, mesmo esse sagrado (figurativamente falando) direito não pode ser exacerbado, como bem experimentaram alguns picaretas seguidores da igreja (?) universal.

Numa tentativa claramente orquestrada de intimidação à imprensa, vários "fiéis" entraram com ações na Justiça contra a Folha de São Paulo alegando terem tido a moral afrontada por causa de uma matéria publicada no dia 15 de dezembro último. Um juiz do Mato Grosso do Sul condenou um deles por litigância de má fé. Trocando em miúdos, isso significa que o cara, mesmo sabendo que não tinha direito nenhum lesado, decidiu processar o jornal. Isso custa dinheiro ao Estado, sobrecarrega a Justiça, etc. E, claro, tenta intimidar a imprensa.

Intimidar a imprensa por meios judiciais é uma das estratégicas preferidas dos picaretas por aí. Isso porque dá um ar de legalidade, quando, na verdade, não passa de exacerbação, intimidação. E é bom que haja juízes que não se prestam a esse tipo de serviço. Leia mais aqui.

sábado, janeiro 26, 2008

Feliz aniversário

Sim, sim, sei que tenho relaxado com o blog. Mas tenho estado um tanto ocupado.

Meu grande amigo Marcelo Santos fez aniversário ontem. O cara é tão importante que no dia do aniversário é feriado na capital do Estado dele. São Paulo fez 454 anos. Claro, o Marcelo é um pouquinho mais novo. Parabéns Marcelão! Tudo de bom pra vocês.

Por falar em São Paulo, estive lá há uma semana. Era sábado, e o trânsito estava bom. Bateu-me uma saudade tremenda. Foram setes anos profícuos da minha vida por lá.

Para mim, muito mais do que a violência, o principal problema de Sampa é o trânsito. O transporte público é ruim e os carros abarrotam as ruas. Como não andam, as pessoas acabam ficando ainda mais vulneráveis aos assaltos.

Apesar de tudo, é lá que as coisas acontecem. Nos sete anos em que morei na capital paulista, não lembro de terem me perguntado de onde eu vinha. São Paulo é assim, democrática. A maioria das pessoas não é de lá, e a cidade está aberta a todos.

Por outro lado, morar na província não é fácil. Ou melhor, é mais fácil, mas pode ser muito mais chato. Mas passa a ser uma alternativa quando você começa a perceber quanto tempo perde sentado no carro esperando o trânsito desafogar.

Vi uma pesquisa outro dia em que os paulistanos declaravam amor eterno à cidade, mas quase dois terços admitiram que mudariam de cidade se tivessem oportunidade. Uma contradição compreensível.

Parabéns, Sampa.

sábado, janeiro 05, 2008

It´s not our fault

De que a temperatura da Terra está se elevando poucos discordam. Agora, até que ponto a "culpa" é do homem é uma discussão interminável. Os caras deste estudo perceberam que o aquecimento do Ártico pode estar sendo causado por fenômenos naturais.


Nature 451, 53-56 (3 January 2008)

Vertical structure of recent Arctic warming

(Rune G. Graversen1, Thorsten Mauritsen1, Michael Tjernström1, Erland Källén1 & Gunilla Svensson1)

Near-surface warming in the Arctic has been almost twice as large as the global average over recent decades — a phenomenon that is known as the 'Arctic amplification'. The underlying causes of this temperature amplification remain uncertain. The reduction in snow and ice cover that has occurred over recent decades may have played a role. Climate model experiments indicate that when global temperature rises, Arctic snow and ice cover retreats, causing excessive polar warming. Reduction of the snow and ice cover causes albedo changes, and increased refreezing of sea ice during the cold season and decreases in sea-ice thickness both increase heat flux from the ocean to the atmosphere. Changes in oceanic and atmospheric circulation, as well as cloud cover, have also been proposed to cause Arctic temperature amplification.

Here we examine the vertical structure of temperature change in the Arctic during the late twentieth century using reanalysis data. We find evidence for temperature amplification well above the surface. Snow and ice feedbacks cannot be the main cause of the warming aloft during the greater part of the year, because these feedbacks are expected to primarily affect temperatures in the lowermost part of the atmosphere, resulting in a pattern of warming that we only observe in spring. A significant proportion of the observed temperature amplification must therefore be explained by mechanisms that induce warming above the lowermost part of the atmosphere.

We regress the Arctic temperature field on the atmospheric energy transport into the Arctic and find that, in the summer half-year, a significant proportion of the vertical structure of warming can be explained by changes in this variable. We conclude that changes in atmospheric heat transport may be an important cause of the recent Arctic temperature amplification.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

O caos terrestre

Saímos de Araranguá (Sul de SC) ontem às 11h em direção a Balneário Camboriú - uma viagem que deveria levar no máximo quatro horas. Chegamos em Florianópolis às 19h30! Isso mesmo, oito horas para percorrer 200 quilômetros!!

Neste trecho não duplicado da BR-101, vimos um show de mau caratismo. Vários motoristas andando pelo acostamento. Acham-se melhores do que os outros. Um absurdo. É verdade que a maioria seguia pacientemente na fila.

E poderia ter sido pior. Soube depois que até mesmo o trecho duplicado - de Florianópolis para cima - também esteve congestionado à tarde. Mas à noite, quando passamos por ali, já estava bom.

É o show de horrores patrocinado por este (e os anteriores) governo inepto. Cobrar impostos ele sabe direitinho. É revoltante. Você se sente um idiota, um trouxa.