terça-feira, junho 27, 2006

Convalescença

Convalesço de uma cirurgia a que me submeti na sexta-feira; vou ficar de molho por algum tempo. Tudo correu muito bem. Assim que estiver plenamente recuperado, volto a escrever as bobagens de sempre.

terça-feira, junho 20, 2006

A mente

Fiz outras duas boas aquisições naquela livraria da qual falei lá no comecinho deste blog. Uma livraria que tem no prédio da editora Globo, no Jaguaré, em Sampa. Comprei o Erro de Descartes, de Antônio Samásio, e O Sítio da Mente, de Schützer Del Nero. Não terminei de ler nenhum. Na verdade, estou fazendo como sempre: lendo-os ao mesmo tempo.

O título do livro do Damásio é muito mais atraente; funciona muito melhor do que o burocrático título do outro. Mas são ambos fascinantes por tratarem do que há de mais misterioso no corpo humano: a mente. A introdução de Del Nero é primorosa, afastando as picaretagens e pseudo-ciências que tratam do comportamento das pessoas. Diz que a existência de várias doutrinas ou teorias sobre o funcionamento da mente é um sinal de que a área ainda carece de algum consenso científico. Não sei se ele dá alguma cassetada na psicologia que, para mim, é o campo que mais tem a perder com o avanço da neurociência.

O que me interessa nisso é não especificamente os aspectos puramente biológicos ou neurológicos. Fui atraído para isso pelo meu interesse em teoria da decisão, em como as pessoas decidem fazer uma coisa ou outra e em quê momento. Quanto disso se pode atribuir aos aspectos puramente biológicos. Parece que Del Nero vai bem por esse caminho, o de enfatizar a importância dos aspectos biológicos na formação da mente humana, tão negligenciados pela psicologia, desde priscas eras.

Já Damásio começa o livro contando uma história verdadeira de um cara que teve a cabeça atravessada por uma barra de ferro e nem sequer desmaiou. E mais: não perdeu memória nem nada, mas teve a personalidade completamente modificada. De um funcionário exemplar e competentíssimo de uma estrada de ferro, Phineas Gage passou a um relapso que não conseguia seguir convenções sociais. Fantástico!

Civilizados

Quando ouvi aquilo, gelei. Sabia que despertaria a ira de todos os politicamente corretos do Brasil, que não são poucos. No meio do jogo entre Suíça e Togo, o comentarista da Globo Sérgio Noronha exultou com o fato de um evento como a Copa do Mundo de futebol reunir a "civilizada Suíça" com o "não tão civilizado assim" Togo, numa festa bonita. Entendi o que ele quis dizer, mas as minhas professoras do mestrado não o perdoariam pelo ato falho: admitir que um país possa ser mais "civilizado" do que outro.

Ontem, ouvi colegas de trabalho revoltados com o comentário do Noronha. Preconceito - bradaram -, entre um e outro comentário irônico sobre as qualidades intelectuais do comentarista global. Como assim? Não tem o próprio Noronha os dois pés no continente negro?

A um dos meu colegas de trabalho, o mais exaltado, eu cheguei a escrever um email perguntando se ele achava que as instituições democráticas funcionam tão bem na Suíça quanto no Togo. E o respeito aos direitos humanos num e noutro país? E as relações entre empresas e empregados e/ou clientes? Enfim, tudo sob o ponto de vista da nossa sociedade ocidental "civilizada" construiu a duras penas até agora.

Ele me responderia que isso se deve a essa minha forma de pensar que não respeita as outras culturas, blá, blá, blá... O relativismo cultural. O que é um perigo, porque o relativismo pode ser usado também para justificar barbaridades, como mutilação de mulheres e outras.

Não que eu ache que os suíços, por serem mais desenvolvidos (esse, sim, é o adjetivo mais adequado), mereçam ser mais bem-tratados do que os togoleses. Pelo contrário. Devemos tratá-los tão bem que a eles devemos dispensar atenção especial para que as conquistas da nossa sociedade pequeno-burguesa possam também por lá proliferar.

Então, eu trocaria o "mais civilizado", usado pelo Noronha, por "mais desenvolvido".

sexta-feira, junho 16, 2006

Novos favoritos

Dos cinco favoritos que listei abaixo, os três primeiros foram bem. A Argentina já está classificada, com uma goleada sobre a Sérvia e Montenegro. A Alemanha também está garantida na segunda fase, junto com o Equador, a sensação da copa até aqui.

E o Brasil? Bom, o magro um a zero na estréia contra a Croácia foi, pra quase todo mundo, decepcionante. Pra mim, não. Eu até apostava num empate. Mas acho que o time vai se sair bem melhor no domingo contra a Austrália. Devo dizer que não acredito que repitam 2002. O Parreira é treinador de time ruim. Consegue a proeza de levar um time meia-boca, como o de 1994, ao título; mas não consegue ser heterodoxo o suficiente para dirigir um time de bons jogadores.

Quanto a Portugal e França, duas coisas horrorosas. Substituo-as por República Tcheca e Itália. Sigo não confiando em Holanda e Inglaterra.

sábado, junho 10, 2006

Sofrível

Eta joguinhos ruins estes de sábado! O melhorzinho foi o da Argentina, que ganhou apertado da boa equipe da Costa do Marfim.
Já a Inglaterra, que muitos dizem favorita, ganhou do Paraguai com as calças na mão, com um gol contra do Gamarra. E a surpresa foi o empate em zero a zero entre Suécia e Trinidad e Tobago. É a pior seleção da Suécia que eu já vi jogar.
O negócio é esperar melhores desempenhos de Sérvia e Montenegro x Holanda, amanhã. E também de Portugal x Angola e México x Irã.
Mas como tem time fraco nestas copas do mundo! Deste jeito, até dá pra chegarmos ao hexa.

De volta ao século XIX

Ótima matéria do jornalista Marques Casara sobre o uso de mão-de-obra quase-escrava de imigrantes ilegais na fabricação de roupas vendidas pela multinacional C&A. Não é preciso ser comunista, nem socialista nem outra coisa tola do gênero para combater tais práticas. Vejam vocês mesmos.
http://www.os.org.br/download/er10/c&a.pdf

sexta-feira, junho 09, 2006

Meus favoritos

A Copa começa amanhã e eu não poderia deixar passar. Não fico em cima do muro; vou logo disparando os meus favoritos para ganhar o caneco. Os "patriotas" não vão gostar muito, não sei porque.

Em ordem de favoritismo:
1. Argentina
2. Alemanha
3. Brasil
4. França
5. Portugal

Não acredito na Itália, nem na Holanda, nem na Espanha. Os espanhóis sempre têm um time arrumadinho, mas são frouxos.
Acho que República Tcheca e México podem surpreender, como a Turquia fez na Copa passada.
Tudo bem, explico por que a Argentina. Ao contrário do Brasil, ninguém fala deles; treinam escondidos, na moita; acho que vão comer pelas beiradas e chegar lá, se o Brasil amarelar. Têm o segundo melhor plantel, atrás de nós, é claro, mas acho que formam um time mais arrumado.
Quanto ao Brasil, com aquela zaga fica difícil. Detalhe: o Brasil pode, sim, ser campeão. Mas, para isso, um cara precisa jogar o que não vem jogando: Adriano, o imperador. Só saímos da Alemanha com o hexa se ele acertar aquelas patadas indefensáveis. Vai acabar formando o ataque do Brasil com Robinho, já que Ronaldo não tem condições de jogo (oversize, if you know what I mean).
Tomara que eu esteja redondamente enganado.

domingo, junho 04, 2006

A relatividade absoluta

O professor Orlando Tambosi (link ao lado) publicou, há poucos dias, no seu blog um texto de um professor gaúcho explicando de forma não-técnica a teoria da relatividade, e Einstein. Isso me lembrou do que li num destes livros de divulgação: Fique por Dentro da Física Moderna. As famosas equações de Maxwell mostravam que a velocidade da luz era constante, independentemente de como estão se movendo os objetos e os observadores em relação a ela.

Na física clássica (newtoniana), a forma de se medir as velocidades dos corpos uns em relação aos outros é somando suas velocidades, se estão se aproximando, ou diminuí-las, se se afastam.
Mas isso não funciona para a velocidade da luz. As equações de Maxwell indicavam que a velocidade da luz era constante (c, quase 300 mil quilômetros por segundo), não importando a velocidade de sua fonte. Não havia a possibilidade de "c+1", por exemplo.

Ao contrário de muita gente que não deu bola para Maxwell, Einstein trabalhou com essa idéia e desenvolveu a teoria da relatividade restrita. Em termos matemáticos, a soma newtoniana das velocidades é assim: V= v1+v2.
Já a de Einstein/Maxwell é um pouquinho mais complicada: V= (v1+v2) sobre [1+(v1v2)/c2]. Este c final é ao quadrado.

O curioso é que a fórmula da relatividade funciona perfeitamente igual a de Newton para velocidades baixas, quando comparadas à da luz. Ou seja, a fórmula da relatividade poderia ser considerada uma mais ampla e completa, englobando a anterior - o que em história e filosofia da ciência é uma avaliação muito controversa.