quinta-feira, agosto 31, 2006

O mesmo

Todo elevador tem a indefectível plaquinha de avertência: "antes de entrar no elevador, certifique-se de que o mesmo se encontra parado no andar...", ou algo feio assim. Além de horrível estilisticamente, é errado usar "o mesmo" no lugar de um pronome. Isso é muito comum também em textos pomposos, pretensamente eruditos, como os forenses. A maioria das pessoas prefere escrever de forma rebuscada à simples.

Alguns exemplos: Li o livro e do mesmo tirei ensinamentos (errado). Li o livro e dele tirei ensinamentos (certo). Não suportando mais a dor, procurei o dentista, mas o mesmo tinha viajado (errado). Procurei o dentista, mas ele tinha viajado.

O motivo desse erro é que as pessoas tendem a enfeitar as frases, achando ser pobre usar o pronome, e logo tascam "o mesmo". Claro, é mais bonito. É nada; é um erro crasso!

Nem sequer

Outro erro freqüente é usar a palavra "sequer" como se ela tivesse sentido negativo. Não tem. "Sequer" significa "pelo menos" e, quando se tem a intenção de falar de algo na forma negativa, é preciso um advérbio de negação. Ou seja, o certo é dizer "nem sequer" quando a frase tiver a intenção negativa. De outra forma, a frase fica com o sentido exatamente contrário ao pretendido.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Democratizar?

Eles não aprendem, mesmo; sempre querendo c..., digo, ditar regras para mudar o mundo. Os petistas querem "democratizar" a comunicação no Brasil. O verbo em aspas aí pode ser lido justamente pelo sentido contrário. Eles querem é patrulhar os veículos de comunicação. Matéria da Folha de hoje diz que um esboço que pode parar no programa de governo de Lula prega "mudanças na legislação para assegurar mais "equilíbrio e proporção" na cobertura de mídia eletrônica, incentivos econômicos para a formação de jornais e revistas independentes e a criação de conselhos populares que teriam poder sobre as atuais e futuras concessões de rádio e TV."

Pelamordedeus!! Um segundo turno, pelo menos, para eles não se sentirem os donos do mundo - ou do país!!

A língua

Que as línguas, de modo geral, são "dinâmicas", todo mundo sabe. Isso é freqüemente usado como desculpa para os deslizes cometidos, principalmente no nosso bonito - mas difícil -português. Não sou um xiita na defesa da chamada língua-padrão, mas há que se colocar um certo limite para os erros de português, principalmente na linguagem escrita. E isso vale mais ainda para nós, jornalistas.

Alguns verbos têm regências estranhas no português e, se o camarada não gosta delas, que não os use. Por exemplo: o verbo visar, no sentido de "ter por objetivo", é transitivo indireto, ou seja, pede a preposição "a". Sim, sim, há vários especialistas que admitem o uso na forma direta, mas a dúvida é se concursos e vestibulares aceitam tal versão como parte da normal culta.

Outro verbo de uso complicado é o singelo "gostar", no sentido de apreciar. A maioria das pessoas acerta a frase "eu gosto disso", mas os erros aparecem quando a frase é invertida: "(D)isso eu gosto".

O uso - ou não - de preposições também é um problema. É comum lermos: "a casa que eu morava..." "A cidade que eu nasci..." Isso na linguagem falada já é estranho; mais ainda na escrita. Ouço muito esse tipo de erro em coleguinhas de TV. Não se pode "comer" o "em" nesse tipo de contrução que se refere a lugares.

Para mim, o principal problema é a falta do hábito de ter dúvidas. As pessoas simplesmente não sabem que não sabem. O negócio, para quem vive de escrever, é ter sempre à mão um bom dicionário e um manual de redação. Sugiro, entre muitos, "Manual de Redação Profissional", de José Maria da Costa. As livrarias estão cheias de manuais de redação e estilo.

Nas próximas notas, problemas com expressões do tipo "através de", "ao invés de", etc.

Mercado de comunicação

O 6° Congresso Brasileiro de Jornais começa na quarta-feria, em São Paulo.

domingo, agosto 27, 2006

Humor nele!


Um dos dois adversários de Chaves na eleição para presidente da República é um dos humoristas mais famosos da Venezuela. Como informa a Folha de hoje, uma das propostas de Benjamin Rausseo, o "conde de Guácharo", é construir um uisqueduto ligando a Venezuela e a Escócia.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Rebaixado

Em tempos de "operação dilúvio", uma notícia de outro mundo: Plutão, coitado, não é mais um planeta; foi rebaixado. Reunidos na capital Tcheca, Praga, cientistas decidiram criar três definições de planetas, e Plutão passou lá pro fim da fila. O primeiro grupo é formado por aqueles oito que a gente estudou na escola. Tá certo, eram nove, mas agora Plutão já era. O segundo grupo é formado pelos asteróides e o terceiro, por objetos como o nanico Plutão e o UB313, descoberto no ano passado. Será que foi o Justus que deu a má notícia pro pobre do Plutão? "Você está demitido!"

Ah, ia esquecendo: como é que fica a astrologia agora que o longínquo Plutão está na terceira divisão? Segundo o Ricardo Fetrim, do Folha Online, "não deve mudar absolutamente em nada o significado, importância ou simbolismo que o planeta (sic) tem na interpretação de mapas astrológicos". Jura?

Esta é a diferença entre a astronomia, uma ciência, e a astrologia, uma... como direi... arte? eu prefiro picaretagem. A ciência é falível, admite seus erros e os corrige, na medida do possível. A astrologia nem sequer leva em consideração a constelação de Ofiúco, por exemplo. A maioria das pessoas nem sabe que ela existe e que é, ainda que rapidamente, visitada pela órbita solar todos os anos. Sobre isso, recomendo matéria minha publicada no Valor Econômico, já postada aqui há alguns meses.

Xeque mate

Depois de muitos lances, a RBS, maior grupo de comunicação do Sul do país, comprou o jornal A Notícia, de Joinville, maior cidade de Santa Catarina. AN é - ou era - o maior concorrente do Diário Catarinense, da RBS.

O mercado de comunicação está movimentado em SC. Há alguns meses, o empresário que detém a TV que retransmite o SBT lançou um jornal popular na região de Florianópolis, o Notícias do Dia. Agora, a RBS vai dar o troco e prepara o Hora de Santa Catarina. Vê-se que de nome de jornal eles não entendem; horrorosos, os dois.

Uma coisa é certa: são lances empresariais, que não chegam a melhorar as condições de trabalho (quero dizer, grana) dos jornalistas catarinenses e gaúchos que por aqui se instalaram.

Tomara que a RBS reforce a estrutura do valoroso AN.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Chegamos

Já estamos instalados em Balneário Camboriú. Já temos endereço, telefone, mas não internet. Já tenho trabalho em vista, mas não emprego :) . Aliás, emprego formal em jornalismo no Sul do país é invariavelmente mal pago e não vale a pena. Ganha-se mais com frilas e com um projeto aqui, outro ali. E ainda não é necessário agüentar chefes malas e, muitas vezes, burros.
É uma coisa meio maluca dormir e acordar com o barulho do mar! Não que isso seja uma completa novidade para mim, já que morei boa parte da minha adolescência e juventude no litoral. Mas isso faz tempo e eu me desacostumei.
É bom por ficarmos mais perto dos familiares e dos amigos.
O começo está sendo auspicioso; espero que continue assim.

domingo, agosto 06, 2006

De volta

Agora é definitivo: estamos, Renata e eu, voltando para Santa Catarina na próxima terça-feira. Cansamos do ritmo alucinante de São Paulo, mas, com certeza, sentiremos saudade - principalmente dos amigos que fizemos nestes quase sete anos.

Posso dizer, com certeza, que aprendi muito por aqui. Foi uma experiência ímpar. Conheci pessoas novas, diferentes, trabalhei bastante e estudei também. Minha passagem por Sampa vai ser quase do tamanho da de Floripa, onde estudei e morei por sete anos.

Vou sentir saudade do centrão, de Moema, do shopping Ibirapuera e, principalmente, das livrarias e dos sebos. Ah, as horas de sábado passadas na Cultura do shopping Villa Lobos!

De começo, vamos morar em Balneário Camboriú. Mais nos próximos posts.