segunda-feira, dezembro 31, 2007

Feliz 2008!


Fim de ano, festas, viagens... Estive longe da internet por alguns dias e só agora apareço aqui para desejar a todos um belíssimo 2008!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

De solstícios e equinócios

Vim ao mundo no solstício de verão de 1970. Quer dizer, não sei bem se aquele dia 21 de dezembro foi mesmo o solstício, já que costuma variar entre 21 e 23. Whatever.

Fazer aniversário perto do Natal é bom e ruim. A gente costuma ganhar só um presente. Não dos pais, claro. Mas não estou sozinho nisso. Meu irmão Sócrates faz 30 amanhã, dia 22. Parabéns, Tóti!

Mas a vantagem é que nos tempos de escola já estávamos em férias. Podia jogar bola o dia todo. Hoje só jogo às quartas-feiras. Uma única horinha em toda a semana!

Mas é bom fazer aniversário por estes dias porque há sempre um clima bom de Natal - ainda que esta época do ano me deixe meio ensimesmado. Sim, concordo, parece contraditório.

O fato é que dos 37 anos, os sete em que morei em São Paulo foram os que passaram mais rápido. Fiz 30 e, de repente, já estou na segunda metade dos trinta. O tempo é cruel.

Os solstícios - de inverno e de verão - costumam ser datas de muito significado no mundo todo. O Natal chegou a ser fixado em 25 de dezembro porque essa data coincidia com o solstício de inverno no Hemisfério Norte, pelo calendário juliano. Na verdade, as festas pagãs realizadas nos períodos de solstício e de equinócio foram quase todas apropriadas pelo cristianismo - Natal, Páscoa, etc.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Imperdível

O Centro Knight para o Jornalismo nas Américas preparou um guia sobre o mundo digital para jornalistas. O download do e-book é gratuito.

Um belo exemplo

Dona Florinda tirou o primeiro diploma aos 9o anos. Não é mais analfabeta. É o tipo de coisa que me deixa emocionado. É o tipo de gente que admiro.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Campanha pela sensatez




Os jornais do grupo RBS têm capas fantásticas hoje. Diário Catarinense e Zero Hora mostram a seguinte manchete: "Isso tem que ter fim"

Abaixo, simplesmente uma lista de nomes de pessoas e a respectiva idade... com que morreram em acidentes de trânsito em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, no verão passado.

Nas estradas catarinenses, morreram 261 pessoas. Outras 379 perderam a vida no Rio Grande do Sul. Não precisa dizer mais nada, não é mesmo?

Essa é uma campanha da RBS para tentar reduzir esse absurdo. Não sei exatamente se funciona, mas a parabenizo pela iniciativa.

E as capas dos jornais ficaram ótimas. A Zero Hora já havia feito algo parecido no desastre do avião da Tam - a capa toda coberta com as fotos das vítimas. Ela concorre, aliás, ao prêmio Esso de melhor capa deste ano. Parabéns aos colegas jornalistas e ao Marcelo Rech, diretor de jornais da RBS.

Eu só trocaria o slogan para "Isso tem que acabar", para evitar a repetição do verbo "ter".

Dawkins, Dennett, Harris e Hitchens

Esta eu tirei lá do blog do Tambosi. Os quatro "cavaleiros" falam de ciência e religião. Ou melhor, por que são acusados pelos religiosos de arrogantes e outros adjetivos poucos simpáticos. Vale a pena.

terça-feira, dezembro 18, 2007

O contraponto ao catastrofismo

Do International Herald Tribune.


Excesso de retórica ambientalista enfraquece argumentação contra o aquecimento global

John Vinocur

As pessoas que se preocupam com o aquecimento global contam com uma boa argumentação. Uma argumentação que tem tanto mérito que as figuras de retórica atualmente usadas para apoiá-la - nações mobilizadas para a guerra, coragem moral, Hitler, Churchill - minam a sua credibilidade.

Essas palavras se constituem em fatores excludentes, bloqueadores maniqueístas da discussão e barreiras do tipo "ou está conosco ou está contra nós" de tal magnitude que elas tendem a transformar perguntas, sugestões e diversas interpretações da questão em dissenso herético.

Bastava ouvir Al Gore na semana passada, aceitando a sua parcela do Prêmio Nobel da Paz por ter popularizado a idéia de que o controle climático constitui-se em um vasto problema internacional:"Quando se trata de aquecimento global, atualmente um número muito reduzido de líderes se constitui em Winstons Churchill respondendo à ameaça representada por um Hitler", disse Gore. Para ele, neste momento o mundo precisa aglutinar uma determinação que só foi vista anteriormente "quando nações mobilizaram-se para a guerra".

Ele disse: "Nós e o clima da Terra estamos interconectados em uma relação que é familiar para os planejadores da guerra - a garantia da destruição mútua". E conclamou: "Seja um daqueles que a quem a História perguntará com admiração, 'Como você encontrou a coragem moral para se levantar e enfrentar uma crise que muitos descreveram como não tendo solução?'"

Se a certeza e a retidão expressas nessas frases terminarem vinculadas às preocupações que costumam ser menos exaltadas, como aquela com o preço do litro de gasolina ou com a luta para se eleger em um mundo de temores imediatos, uma candidatura poderá entrar em colapso devido ao peso do excesso político de Gore.

Avaliemos o quadro: aquecimento global é política, assim como a política é a administração de opções; e a demagogia é a política feita de uma forma que não permite tais opções e a suas discussões. Bjorn Lomborg está longe de se definir como anti-Gore - ele acredita que o aquecimento global realmente existe e que os seres humanos são um fator central para a intensificação desse problema -, mas ele é rotulado de negador da crise climática. Isso soa meio como uma tentativa de colocá-lo na categoria de um David Irving, que foi preso na Áustria por negar a existência do Holocausto.

Lomborg, um professor dinamarquês de estatística que se auto-descreve como "um pouco esquerdista na Dinamarca, o que provavelmente faz de mim uma pessoa muito esquerdista nos Estados Unidos", apresenta uma análise não histérica da mudança climática em livros (como, "Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming"/algo como "Esfriando as Coisas: O Guia do Aquecimento Global para o Ambientalista Cético") e palestras.

Basicamente, sem guinchos apocalípticos ou o desprezo zombeteiro dos desmascaradores, Lomborg diz que a discussão real é "sobre o quanto podemos fazer". A sua opinião:"Se você gastar US$ 180 bilhões anualmente com a redução das emissões de dióxido de carbono por meio do processo de Kyoto, será capaz de adiar o aquecimento global em cinco anos no final do século. Mas se esse dinheiro for destinado a pesquisa e desenvolvimento no sentido de que se lide melhor com o processo em um período de 50 anos, ou se for gasto com coisas mais concretas, como a restauração de pântanos e charcos ou o combate a malária, o mundo terá feito um bem formidável às pessoas e à natureza reais".

Vários argumentos de Lomborg reduzem o teor dramático do debate ao criarem modelos para o aquecimento global baseados em projeção médias fundamentadas em tendências existentes. Até mesmo para os imparciais, isso nitidamente não leva muito em conta os piores cenários possíveis, e Lomborg me disse que o seu livro deveria ter um capítulo que proporcionasse uma análise racional da possibilidade das hipóteses mais assustadoras.

Mas Lomborg não retrocede. Em uma conversa, ele disse que pronunciamentos como o discurso de Gore ao receber o Prêmio Nobel dizem respeito a sustentar o pânico como um substituto para "as questões e políticas desagradáveis e chatas relativas à infra-estrutura" que se concentrariam em controlar danos causados por inundações ou furacões no futuro relativamente próximo.

"Essa abordagem permitiu aos políticos centralizar as atenções como defensores dos interesses da humanidade, distanciando-se daquela luta diária que é típica da política baseada no auto-interesse". Nomes, por favor? Gerhard Schröder, Angela Merkel, respondeu ele.

Lomborg argumenta que ficar do lado certo quanto aos padrões de níveis de emissão foi uma jogada fácil para a Alemanha e o Reino Unido, já que as circunstâncias industriais dos dois países quase que acidentalmente os colocaram nessa posição desde 1997.

E quanto ao processo de Kyoto, como é que ele o vê politicamente? Sem ser amigo do governo Bush, Lomborg disse que, "se os Estados Unidos não estiverem cooperando, para muitos isto torna Kyoto algo extra-bom e correto".

No seu livro, Lomborg sustenta: "Infelizmente Kyoto tornou-se o símbolo da oposição a um Estados Unidos aparentemente desinteressado nas opiniões do resto do mundo. Assim, Kyoto foi ressuscitado politicamente sem ter sido seriamente questionado quando à sua eficiência e factibilidade. E essa é a verdadeira questão: Kyoto é ao mesmo tempo impossivelmente ambicioso e ambientalmente desimportante. As suas tentativas de modificar padrões que vigoram há séculos em 15 anos terminaram custando uma fortuna e apresentando quase que nenhum resultado".

Lomborg comparou Kyoto "às políticas maçantes" e às concessões necessárias para se lidar com a Rodada Doha, as negociações de comércio mundial, notavelmente no que se refere aos subsídios agrícolas, que estão se desenrolando desde 2001 entre os países industriais e o mundo em desenvolvimento.

"A Europa simplesmente não cede", disse ele. "Eis aqui uma questão moral que ilude tanto os consumidores europeus quanto as perspectivas de construção de economias vigorosas nas nações pobres".Nada disso torna Lomborg um negador da crise climática. Seria mais justo chamá-lo de relativista climático.

Mas, e quanto a Al Gore? Talvez ele devesse ser chamado de absolutista climático. Para Gore, o aquecimento global constitui-se em uma última chance de redenção universal para a população atual. Compre essa causa e, conforme as palavras de Lomborg ao citar o ex-vice-presidente, "ganhe uma missão que engloba gerações; o regozijo do objetivo moral; uma causa compartilhada e unificadora; a emoção de ser forçado pelas circunstâncias a deixar de lado as mediocridades e conflitos que com tanta freqüência reprimem a incansável necessidade humana de transcendência".

Isso é algo mais do que encontrar um campo efetivo de respostas para o aquecimento global. Em síntese, trata-se de uma abordagem que provoca o efeito divisivo e até mesmo debilitante de falar sobre soluções em termos cataclísmicos ou messiânicos. Incluindo referências à guerra e à paz, às desprezadas advertências de Winston Churchill e à brutalidade de Adolf Hitler.

sábado, dezembro 15, 2007

Utilidade pública

Aos turistas que pretendem vir a Santa Catarina neste verão, um serviço de utilidade pública. Veja aqui como estão as condições de balneabilidade das praias catarinenses. O mar de Balneário Camboriú, por exemplo, a mais movimentada, está em péssimas condições. É praticamente um esgoto a céu aberto, com exceção da ponta Sul e de Estaleiro. Em Florianópolis a coisa não é muito melhor, não.

Na minha Balneário Arroio do Silva, dos dois pontos medidos pela Fatma, um deles está impróprio para banho. Já Morro dos Conventos, em Araranguá, está em boas condições.

É um retrato da falta de saneamento básico em Santa Catarina, um dos estados mais desenvolvidos do país. Uma vergonha para um estado que se propõe turístico.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

É dose

É possível o editor de um veículo especializado em economia e negócios não saber o que vem a ser balanço de pagamentos? É, sim. Tudo bem que o cara só escreva sobre aqueles temas chatos de gestão; aqueles mesmos que costumam ser objeto da chamada literatura de aeroporto. Mas o problema é que fica chato o cara perguntar em alto e bom som se "um tal de balanço de pagamentos" se escreve com caixa alta ou baixa (maiúscula ou minúscula). Fiz questão de mostrar minha cara de espanto diante de demonstração de tamanha ignorância.

E a figura já tem anos de experiência, o que lhe rendeu um ar meio arrogante e presunçoso. Isso tudo porque conhece todos os gurus do que se convencionou chamar de "gestão de empresas" - o campo mais fértil para a proliferação da picaretagem acadêmica. E acha que isso é economia.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Palestras dos laureados

No site do Prêmio Nobel é possível assistir às palestras dos ganhadores deste ano e acompanhar os slides ao mesmo tempo. Realmente, vale a pena.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Desabou o mundo

Um dia de São Paulo em Balneário Camboriú. A cidade parou durante a manhã e boa parte continuou inacessível durante todo o dia. Choveu em algumas horas o equivalente ao mês todo. Minha mulher não conseguiu chegar no trabalho. Saiu de casa e ficou ilhada. Voltou para casa e tentamos uns minutos mais tarde, quando a chuva cedera. Não deu. Ficamos parado num posto de gasolina até o meio-dia. O jeito foi dar uma baita volta, ir até o trevo de Itajaí e voltar pela BR-101.

Morei em São Paulo quase oito anos e nunca passei por uma dessas. Tal qual a capital paulista, descobri que Balneário Camboriú também é uma cidade impermeável. Mas isso nem foi o pior. Pior mesmo foi a água entrando nas casas e desabrigando muitas famílias, que perderam móveis e tudo mais. Uma lástima.

Os idiotas latino-americanos da academia

Mais uma do vestibular da UFSC. Na abertura de uma questão da prova de História, lia-se algo assim: a revolução cubana estimulou a intelectualidade de esquerda na América Latina na busca por um futuro melhor para os povos. Assim mesmo, na cara dura.

Uma das alternativas da mesma questão dizia que a revolução cubana teve a mesma importância para a América Latina como a chinesa para Ásia e a russa para a Europa. E daí, fazer o que, nesse caso? Assinalei que sim. Acho que era o que eles queriam ler.

Deixei vários comentários de protesto ao longo da prova. Sem contar que algumas questões tinham alternativas que poderiam estar certa ou errada, dependendo do ponto de vista. Um comunista realmente vai concordar com a abertura da questão a que me referi. É dose.

Pensando alto

A prova de língua portuguesa do vestibular da UFSC continha um excerto de um texto de Marilena Chauí sobre, vejam vocês,... ética! A cidadã que defendeu o governo Lula nos vários escândalos em que se meteu com a alegação de que tudo não passou de invenção da mídia burguesa e golpista.

Aridez

Andei meio sumido, eu sei. Como não sou rico, preciso trabalhar. Estive na redação de um veículo de comunicação aqui do Sul. Como andam modorrentas estas redações. Uma molecada não sei se arrogante ou se tímida que se esconde à frente da tela do computador. Uma aridez só.

Não é um fenômeno local, não. No país inteiro é assim. As redações costumam ter um clima sepulcral. As discussões, quando ocorrem, costumam ser um punhado de lugares comuns. Na maioria das vezes, reles tentativa de demonstração de "cultura". E o significado dessa palavra é quase sempre reduzido a coisas como cinema e música - quando muito, teatro. Literatura anda meio em baixa. Ciência? Nem pensar.

Sim, mas eu também não tenho muita paciência para papo cabeça do pessoal da "cultura". Muito menos para discussões políticas que resvalam para o lugar comum, para os clichês e frases feitas tiradas de cartilhas de grupelhos "de esquerda". Dão-me ânsia de vômito.

Quatro dias trabalhando fora foram suficientes para sentir uma baita falta do isolamento de meu escritório residencial. Pelo menos aqui posso de debater com gente bem mais interessante. Ora com Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, ora com Mirowski, ou então Machado ou Carl Sagan. Como as pessoas andam desinteressantes! Ou estarei eu ainda mais rabugento do que de costume? Acho que as duas coisas.

Mas há exceções. Pelo menos soube que um amigo anda fazendo a festa na bolsa de valores. Aprendi alguma coisa útil nestes quatro dias, sem dúvida. Huuum, acho que vou pensar melhor neste assunto.