sexta-feira, novembro 30, 2007

A realidade se impõe

O noticiário confunde a gente de vez em quando, não é mesmo? Ué, jornalista admitindo que se confunde com as notícias? É mais ou menos isso, sim. Num dia, o "presimente" da República comemora a entrada do Brasil no rol dos países de alto Índice de Desevolvimento Humano (IDH). Não esqueçam que esse é o mesmo índice que os petistas tanto detrataram há anos. Pensei cá comigo: agora vai! Parece que o país melhorou, mesmo. Pelo menos nos três aspectos medidos pelo IDH: renda per capita, escolaridade e expectativa de vida. Mas tem alguma coisa estranha aí.

Uma semana depois, a realidade se impõe. A OCDE diz que os nossos pobres alunos estão lá na rabeira quando o assunto é ciência. Entre 57 países, os brasileiros ficaram em 52º lugar - só na frente de Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. Lá na frente, aparecem Finlândia, Hong Kong e Canadá (ah, o meu visto de imigração não há de demorar).

Ah, era isso que estava errado - entre muitas outras coisas não medidas pelo IDH. Se hoje há muito mais jovens na escola do que há quatro ou cinco décadas, por outro lado, a qualidade do ensino é péssima. Outro dia uma destas "pesquisas" mostrou que os alunos que saem do segundo grau têm conhecimentos equivalentes aos da quinta série. E todas as pesquisas apontam o ensino brasileiro como um dos piores do mundo.

No ano passado, estive com professor de filosofia da UFSC e, não lembro bem por que, o tema da qualidade da educação veio à tona. E ele me contou uma historinha que ouvira havia pouco tempo, que ilustrava bem a situação da educação no Brasil. Se me recordo bem, ele ouvira um professor do ensino fundamental reclamar do calendário letivo do ano seguinte, quando as aulas começariam muito cedo. Mas algum problem pedagógico havia? Não, ele simplesmente seria prejudicado porque não poderia aproveitar mais o verão para uma atividade importante: catar latinhas para vendê-las e complementar o salário de professor! "Como é que essa criatura tem condições de ensinar alguma coisa", perguntou-me o colega dele de profissão.

É uma questão de gerenciamento de recursos públicos. O governo atual prefere botar o dinheiro em programas meramente assistencialistas, de onde os pobres nunca sairão, em vez de investí-lo para melhorar a situação da educação - o que daria aos mais pobres as condições necessárias para a quebra do ciclo de pobreza. Mas isso não renderia tantos votos.

terça-feira, novembro 27, 2007

Chaer espanca PHA

Márcio Chaer, do Conjur, não poupa o príncipe dos chapas brancas - porque o rei é um pouco mais velho (if you know what I mean).

Chinelada no chapa branca

O chapa branca mor, Paulo Henrique Amorim, apanhou no primeiro round contra Mainardi.

Do Comunique-se

A Justiça de São Paulo julgou improcedente ação de danos morais movida pelo jornalista Paulo Henrique Amorim contra seu colega Diogo Mainardi e a Editora Abril. A ação foi motivada pela coluna "A Voz do PT", publicada na revista Veja, em que Mainardi afirma que o dinheiro gasto para manter a página de Amorim no iG é público, e que o portal segue uma linha editorial “petista”. A decisão é em primeira instância, e Amorim pode recorrer.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Tristes trópicos

Noblat reproduz texto esclarecedor de Miriam Leitão sobre o expurgo ideológico ocorrido no Ipea. Stalin vive.

terça-feira, novembro 20, 2007

Cinismo "de esquerda"

É engraçado como, para justificar uma atitude autoritária e antidemocrática, algumas autoridades recorrem a "tecnicalidades". Para justificar o fechamento da RCTV, o Chapolim Colorado venezuelano disse que simplesmente a concessão expirara e que não seria renovada. Já para justificar o expurgo ideológico de quatro pesquisadores, o Ipea (Pochmann e Unger) diz que foi apenas uma "questão administrativa".
É o cinismo "de esquerda" que segue firme e forte na América Lat(r)ina. O nosso presidente, por exemplo, diz que há democracia na Venezuela porque há eleições. De novo, se apega à formalidade, à tecnicalidade. Como já apontaram outros blogueiros, democracia é muito mais do que isso. Eleição é condição necessária, mas não suficiente, para haver democracia.
Mas não sei nem por que estou aqui defendendo os expurgados do Ipea, já que um deles - Fábio Giambiagi - se recusa a falar sobre isso, como mostrou a Folha hoje.

quinta-feira, novembro 15, 2007

CENSURA

Neste dia da proclamação da República, uma notícia na capa da Folha me deixou extremamente aborrecido. Quatro economistas foram "expurgados" do Ipea, órgão dirigido pelo economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp, e com quem trabalhei em 2004, na prefeitura de São Paulo. O expurgo, segundo a Folha, acontece por divergência ideológica - com Pochmann e com o chefe Mangabeira Unger. Em outras palavras, censura. Até Delfim Neto, defensor deste governo corrupto e inepto, diz que nem na ditadura houve tal censura no Ipea.

Vejam a que ponto chegamos: um outro economista que não se enquadra nos padrões de João Sicsú, diretor do Ipea, está deixando o instituto rumo aos Estados Unidos - uma espécie de auto-exílio.

A Folha que me desculpe, mas vou copiar aqui a matéria na íntegra por se tratar de interesse público.



Ipea "expurga" economistas divergentes

Quatro pesquisadores independentes e considerados não alinhados ao atual pensamento econômico do governo foram afastados nesta semana do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no Rio, pela nova direção do instituto, vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos, comandado por Roberto Mangabeira Unger. São eles: Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli. Os dois primeiros, que estavam cedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), foram informados de que seus convênios não seriam renovados no vencimento, em dezembro. Já para os outros dois, que estão no Ipea há 40 anos e faziam trabalhos regulares para o instituto, a alegação foi a de que eles já estavam aposentados.

Procurados pela Folha, por meio de suas assessoria de imprensa, os economistas Marcio Pochmann, presidente do Ipea, e João Sicsú, diretor de Estudos Macroeconômicos do órgão, considerada a mais importante posição do instituto, e que fica instalada no Rio, não se pronunciaram. A assessoria da Ipea confirmou a saída dos quatro pesquisadores, mas deu motivos diferentes dos que foram apurados pela Folha. De acordo com a versão oficial, Giambiagi e Tourinho teriam pedido para voltar para o BNDES, e, em relação aos outros dois, o Ipea informou que apenas estariam aposentados.

Segundo a Folha apurou, no entanto, Giambiagi e Tourinho teriam sido informados ou por Sicsú ou por seu assessor Renault Michel de que seus convênios com o BNDES não seriam renovados. Os dois já estavam cedidos ao Ipea pelo BNDES há vários anos. Já Bonelli e Rezende, especialistas respectivamente em indústria e agricultura, foram convidados a deixar as salas que ocupavam no Ipea por já estarem aposentados. No governo Fernando Henrique Cardoso, Bonelli ocupou uma diretoria do BNDES, e Rezende, uma diretoria da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Para os quatro, a direção do Ipea alegou que havia irregularidades nos contratos deles com o instituto.

Os quatro pesquisadores tinham em comum também o fato de serem críticos do excesso de gastos do governo, o que contraria o pensamento tanto de Pochmann como de Sicsú, que se definem "desenvolvimentistas" e defendem um aumento da política de gastos públicos para acelerar o crescimento da economia.

O clima no Ipea é de indignação e desconforto com a saída dos quatro economistas. Ontem, pesquisadores do instituto organizaram um almoço de solidariedade, no Rio, aos quatro técnicos afastados. O ambiente era de preocupação com a nova orientação da direção do instituto.

Considerado um dos maiores centros do pensamento econômico do país, o Ipea, criado há 43 anos, sempre se caracterizou pela liberdade de pensamento. Mesmo no período da ditadura militar, o Ipea nunca deixou de exercitar a crítica -por exemplo, à política de distribuição de renda.

O ex-deputado Delfim Netto, que comandou a economia no período de 1979 a 1985, durante o regime militar, chegando a ser chamado de superministro, lamentou e criticou a saída dos quatro pesquisados do Ipea. Delfim foi até chamado por Pochmann -e aceitou- para assumir o cargo de conselheiro do Ipea."Tenho esses profissionais [os quatro pesquisadores afastados] em alta conta. São economistas dedicados à pesquisa, com boa formação acadêmica e trabalhos relevantes prestados à economia brasileira", afirmou o ex-deputado.

Delfim lembrou-se do período do autoritarismo e de sua convivência com o Ipea, quando ministro: "Nunca houve censura de nenhuma natureza no Ipea. No período da ditadura, eles atacavam a ditadura à vontade e ainda recebiam aumento de salário. O que espero é que não haja nenhuma censura à pesquisa acadêmica que o Ipea tem produzido".

Outros pesquisadores do Ipea, segundo a Folha apurou, pensam em deixar o instituto. O economista Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas do país da área social e um nome reconhecido internacionalmente, já está de passagem marcada para Chicago, nos Estados Unidos, onde irá permanecer por um tempo dando aulas e realizando seminários.

domingo, novembro 11, 2007

God save the king!

O Rei Juan Carlos, da Espanha, fez o que eu sempre tive vontade e nenhum outro sabujo presidente latinoamericano teve coragem de fazer: mandou Hugo Chavez calar a boca! Via o rei!! Leia mais aqui e aqui.

Covardia petralha

A petralhada não dá folga: o Aguinaldo Silva, autor da novela Duas Caras, está sendo ameaçado de morte por algum petralha covarde (olha o pleonasmo). Não consegui entender direito, mas devem estar vendo chifre em cabeça de cavalo, como é típico do messianismo esquizofrênico dessa gentalha.

sábado, novembro 10, 2007

segunda-feira, novembro 05, 2007

Por que amamos Santa Catarina


Esse é o título da matéria de capa da revista Viagens e Turismo deste mês. SC foi eleito o melhor estado pelos leitores da revista, pelo que entendi. Sim, sim, há muitos clichês, mas a matéria está bem intencionada e muito bem escrita. O problema é que quanto mais se faz propaganda de SC, mais gente muda de vez pra Floripa. E a cidade segue inchando, sem a menor estrutura. Mas não dá pra negar uma pontinha de orgulho.

Aqui vai a introdução da matéria.


Num país com tantos lugares sedutores e amores rápidos de verão, conquistar os brasileiros não é fácil. Com a beleza das praias, o charme da serra e a simpatia natural das pessoas, o estado catarinense conseguiu. Acertou em cheio o seu, o meu, o nosso coração.