O Observatório da Imprensa está repleto de comentaristas mais interessados em defender o governo do que em criticar a imprensa. Na ótica deste pessoal, a imprensa erra porque estaria perseguindo o desgoverno Lula, imaginem!
Quando digo para algumas pessoas que os petistas reclamam de perseguição da imprensa, elas riem. Acham exatamente o contrário: que a maioria dos jornais e TVs foi condescendente com o crimes perpetrados pela camarilha.
Para mim, um dos mais lúcidos comentadores é Alberto Dines. Perdoem-me pelo texto longo, mas vale a pena.
O CASAQUISTÃO É AQUI
Falta aparecer o Borat para gozar as hipocrisias
Por Alberto Dines em 27/2/2007
As declarações da psicanalista Eliane Mantega, mulher do ministro da Fazenda, vão ganhar os prêmios "Maria Antonieta de Ibiúna" e "Avestruz de Ouro" concedidos aos campeões da categoria "De Costas para a Vida".
Compreende-se o seu incômodo em aparecer como vítima de um seqüestro múltiplo junto com o ilustre marido e os filhos, mas a sua complacência com os bandidos que assaltaram a mão armada a chácara dos amigos em Ibiúna é ultrajante: "Eles só queriam dinheiro... foram supergentis... ladrões-de-galinha" [ver "Correção política, insensibilidade moral"].
Com fraseado mais coloquial e igual distanciamento, reproduziu a doutrina palaciana adotada para enfrentar a indignação que tomou conta do Brasil (sobretudo das brasileiras) diante da barbaridade cometida contra o menino João Hélio, no Rio. Para o quase ex-ministro Márcio Thomas Bastos, a violência é um processo que precisa ser enfrentado por outro processo, atalhos "emocionais" nada resolvem. Resolvem sim, Excelência, processos inanimados costumam ir para o lixo da História [ver "Portinari versus Lula"].
Compromisso contínuo
A mídia engoliu esta, como engole qualquer coisa politicamente correta mesmo quando moralmente revoltante. A mídia está mais esbaforida do que nunca, seu estoque de adrelina evaporou com o calor do verão. O governo não está interessado em dar prioridade às questões que envolvem impunidade. É tabu. Levado às últimas conseqüências, um debate sobre o tema fatalmente transbordaria para o Dossiêgate que acaba de ser chutado mais uma vez para escanteio.
Decidiu o Procurador-Geral da República que o senador Aloízio Mercadante não pode ser indiciado pela Polícia Federal por ter direito a foro especial. Está certo, todos estão certos, os culpados mudaram-se para endereços desconhecidos. Com a decisão, a compra do dossiê contrabandeado para as páginas da IstoÉ ficou na esfera dos aloprados municipais do PT. O dinheiro foi arranjado por eles, eles é que desenvolveram este tipo de "jornalismo investigativo".
Em outras palavras: o "processo" que culminou com um dos maiores crimes eleitorais dos últimos tempos vai continuar rolando nas gavetas de baixo – e por muito tempo, já que o delegado Paulo Lacerda anunciou que ficará mais seis meses à frente da Polícia Federal.
Na esfera palaciana, o único processo que interessa tocar é o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). De olho nas bolhas e euforias que produzirá na publicidade, a mídia esquece a sua decisiva contribuição para dar qualidade, consistência e sustentabilidade a este crescimento.
Amostra desta modesta contribuição foi a matéria de capa da Veja sobre a extorsão por telefone, o tal "Disque-Seqüestro" (edição 1996, de 21/2/2007). A modalidade é conhecida há alguns anos, na internet há tempos corriam advertências, ninguém prestava atenção. De repente, uma reportagem de capa numa semana morta, pré-momesca, e o cidadão descobre como enfrentar este novo tipo de ameaça à sua segurança. Os bandidos terão que inventar outro passatempo para as suas horas vagas nos presídios. E os editores terão que adotar outros critérios para programar o seu calendário: todas as edições são importantes, mesmo quando coincidem com feriados, festas, férias.
O compromisso da imprensa com a sociedade é contínuo, apesar das delícias da praia e da montanha.
Filosofar em público
No domingo (18/2), no caderno "+Mais!" da Folha de S.Paulo, o filósofo Renato Janine Ribeiro produziu um dos mais comoventes desabafos sobre o martírio do menino João Hélio. Não foi uma tomada de posição, mas uma dramática exposição de perplexidades e doloridas opções penais diante do horror que estamos condenados a assistir.
Este Observatório chamou a atenção, a mídia tinha outras preocupações e só retornou ao filósofo na semana seguinte (domingo, 25/2), na mesma Folha: em três textos antagônicos, apenas um deles (da professora Olgária Matos) procurou entendê-lo.
Deve existir algum código na ANJ (Associação Nacional de Jornais) para obrigar os associados a absterem-se de comentar textos publicados pelos concorrentes – assim, evitam-se polêmicas capazes de abalar a instituição. A verdade é que não chamou a atenção dos sensíveis radares da mídia este filósofo que não tem respostas prontas na ponta da língua, nem palavras de ordem, entregue à revolta de conviver com as diversas crueldades exibidas pela sociedade brasileira.
Renato Janine Ribeiro quer filosofar em público, fazer pensar, quer compartilhar o seu cartesianismo – penso, logo existo – com a comunidade. A mídia não entra nessa. Não tem tempo para sofrer dilemas, prefere a fulanização, sentenças instantâneas para limpar a pauta.
Aventureiros e descendentes
A tragédia brasileira é que os vetores mais poderosos da sociedade são conflitantes – nada os atrai, tudo os distrai. Ou afasta. Para o governo e governantes punir é perigoso, suicídio, equivale a andar em areia movediça. Para a mídia, a questão crucial de Crime e Castigo só serve para os cadernos dominicais, em resenhas sobre Dostoievski. Nos chamados dias úteis, é perfeitamente inútil, não cabe. Mas o ser humano também existe e pensa no meio da semana. Não há lugar: a maldita segmentação e a sua filha espúria, a cadernização, não deixam.
A mídia sabe, mas não se aflige: sujeitos a guincho, apenas os veículos mal-estacionados. O resto é impune, impunível, inimputável. Ou coitadinhos "ladrões-de-galinha", "supergentis" que "só querem um dinheirinho". Sem falar nos "amigos da casa", cada vez em maior número.
O Brasil tem jeito, basta convocar urgentemente o repórter Borat para arrasar as hipocrisias deste imenso Portugal e a sua mídia insensível com os 50 mortos nas estradas mineiras em fevereiro – só num desastre morreram 16, que mereceram 10 linhas – e com as seis chacinas paulistanas nas quais foram para o beleléu quase 30 cidadãos.
O Cazaquistão é aqui, mas os aventureiros cazaques e seus descendentes, os cruéis cossacos, estão bem disfarçados.
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Comentário
Meu comentário sobre o texto do Dines:
Genial, Dines! Uma prova de que há lucidez "neffepaiff". É claro que eles têm que defender os bandidos; é o espírito de corpo. Quanto à imprensa, não publica nada que seja minimamente contra o politicamente correto, mesmo que seja contra o Estado de Direito que, como você bem lembrou em outro texto, não existe por aqui. A cucaracholândia marcha rumo ao bolivarianismo - o mais novo eufemismo para "ditadura" aqui na américa latrina. Talvez nunca o livro de Popper - A Sociedade Aberta e Seus Inimigos - tenha sido tão útil quanto agora para nosotros.Persevere, meu caro!
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Luto
Quando eu a visitava, nas vezes em que ia para a minha cidade Natal, Araranguá, minha avó materna se despedia de mim com um "vai com Deus, meu filho, e que São Jorge te acompanhe". Eu, que não sou crente, me emocionava a cada vez. Sabia que era o que de melhor ela podia desejar pra gente.
Nesta quarta-feira de cinzas, ela nos deixou, ali por volta das três e meia da tarde. Já tinha 83 anos, dos quais inacreditáveis quase 69 vividos ao lado do seu Antoninho. Foram dos primeiros moradores do Arroio do Silva, que pertencia a Araranguá e dela se desmembrou para virar município, em 1994 (ou 1995, não sei). Meu tio Juca, filho do casal, foi o primeiro prefeito.
Todos a chamam de Dona Ceci. Seria Cecília? Quase. Lucília! Lucília Borges. O que não tinha no tamanho sobrava-lhe na coragem. Então não é preciso coragem para criar dez filhos, naqueles tempos difíceis em que água e luz eram um luxo? Criou-os! E eles cresceram; e a D. Ceci e o Seu Antoninho tiveram netos, bisnetos e, pasmem, quatro tataranetos!
Não creio que todos nós, que dependemos dela, tenhamos pago uma ínfima parte da dívida que acumulamos nestes 83 anos. A única coisa que posso dizer agora é "vá com Deus, Vó, e que São Jorge te acompanhe".
Nesta quarta-feira de cinzas, ela nos deixou, ali por volta das três e meia da tarde. Já tinha 83 anos, dos quais inacreditáveis quase 69 vividos ao lado do seu Antoninho. Foram dos primeiros moradores do Arroio do Silva, que pertencia a Araranguá e dela se desmembrou para virar município, em 1994 (ou 1995, não sei). Meu tio Juca, filho do casal, foi o primeiro prefeito.
Todos a chamam de Dona Ceci. Seria Cecília? Quase. Lucília! Lucília Borges. O que não tinha no tamanho sobrava-lhe na coragem. Então não é preciso coragem para criar dez filhos, naqueles tempos difíceis em que água e luz eram um luxo? Criou-os! E eles cresceram; e a D. Ceci e o Seu Antoninho tiveram netos, bisnetos e, pasmem, quatro tataranetos!
Não creio que todos nós, que dependemos dela, tenhamos pago uma ínfima parte da dívida que acumulamos nestes 83 anos. A única coisa que posso dizer agora é "vá com Deus, Vó, e que São Jorge te acompanhe".
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
O mico-leão-dourado em primeiro lugar
Não há dúvida: o politicamente correto dá as cartas em todos os cantos. Se você fosse deputado e tivesse que escolher entre participar de uma reunião para a criação de um tal bloco parlamentar para a preservação do ambiente e outra para discutir medidas para o combate à violência, a qual delas iria?
Como mostrou o Jornal Hoje, a reunião dos verdes estava repleta; deputados de todos os partidos. Todos querendo aparecer, já que a cobertura foi ostensiva. Já a discussão sobre violência pública mereceu menos destaque, apenas a informação de que todas as entidades participantes (advogados, padres, ongueiros e outros politicamente corretos e oportunistas) são contra a redução da maioridade penal. É mesmo??!!
Não querem tomar decisões no calor dos acontecimentos. Ora, ora, até parece que vivem na Suíça. Aqui, meus caros, os acontecimentos não esfriam, não. Sempre haverá um crime bárbaro e, assim, a temperatura não esfria e ninguém faz nada.
E nessa toada, todos estão preocupados com o aquecimento global, com a preservação ambiental, com a extinção do mico-leão-dourado. Quanto à preservação das pessoas de bem, nenhuma palavra.
Como mostrou o Jornal Hoje, a reunião dos verdes estava repleta; deputados de todos os partidos. Todos querendo aparecer, já que a cobertura foi ostensiva. Já a discussão sobre violência pública mereceu menos destaque, apenas a informação de que todas as entidades participantes (advogados, padres, ongueiros e outros politicamente corretos e oportunistas) são contra a redução da maioridade penal. É mesmo??!!
Não querem tomar decisões no calor dos acontecimentos. Ora, ora, até parece que vivem na Suíça. Aqui, meus caros, os acontecimentos não esfriam, não. Sempre haverá um crime bárbaro e, assim, a temperatura não esfria e ninguém faz nada.
E nessa toada, todos estão preocupados com o aquecimento global, com a preservação ambiental, com a extinção do mico-leão-dourado. Quanto à preservação das pessoas de bem, nenhuma palavra.
Em boa companhia
Aqui está um link interessantíssimo que surrupiei do blog do Tambosi (que, por sua vez, surrupiou do Reinaldo Azevedo). http://www.right-to-education.org/content/age/table_esp.html
Em relação à maioridade penal, estamos em boa companhia; só países desenvolvidos, como Colômbia, Equador, Guiné e Venezuela. Os atrasados, como a Inglaterra, julgam seus cidadãos a partir dos 8 anos.
Aqui no Bananão, as otoridades não querem discutir a redução da maioridade penal no calor dos acontecimentos, em clima de "comoção nacional". Vão deixar pra discutir quando? Já sei: no dia se são nunca - quando algum mensaleiro for preso. É o típico discursinho esquerdóide que trata bandido como se fosse um pobre coitado, injustiçado pela sociedade capitalista malvada.
Idade Média, aqui vamos nós!
Em relação à maioridade penal, estamos em boa companhia; só países desenvolvidos, como Colômbia, Equador, Guiné e Venezuela. Os atrasados, como a Inglaterra, julgam seus cidadãos a partir dos 8 anos.
Aqui no Bananão, as otoridades não querem discutir a redução da maioridade penal no calor dos acontecimentos, em clima de "comoção nacional". Vão deixar pra discutir quando? Já sei: no dia se são nunca - quando algum mensaleiro for preso. É o típico discursinho esquerdóide que trata bandido como se fosse um pobre coitado, injustiçado pela sociedade capitalista malvada.
Idade Média, aqui vamos nós!
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Não tem desculpas
Cá está uma matéria da Folha com os pais dos bandidos que trucidaram o menino João Hélio. Os pais são pobres e pessoas aparentemente de bem, religiosos, que, mesmo com dificuldades financeiras, tentaram criar os filhos longe do crime. Isso significa que os rapazes são bandidos mesmo. Não dá para vir com a historinha de que foram maltratados, passaram fome, seviciados ou qualquer outra barbaridade que poderia tê-los traumatizados a ponto de cometer atrocidades como essa. Prisão perpétua neles - e com trabalho diário para pagar as próprias despesas, para que elas não fiquem nas nossas costas.
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
A mãe de dois dos cinco presos acusados pela morte do garoto João Hélio Fernandes Vieites --Carlos Eduardo Toledo de Lima, 23, e um adolescente de 16 anos-- afirmou que o mais jovem contou a ela que assumiu o crime a pedido do irmão mais velho, já que, por ser menor de 18 anos, ficaria preso apenas "uns dois meses".
O adolescente estudou até a sexta série e Carlos Eduardo, até a quinta. Segundo a polícia, o jovem assumiu o crime, mas depois voltou atrás."Preferia estar no lugar dessa mãe e ter meus filhos mortos e enterrados [a vê-los presos acusados de crime tão bárbaro]", disse a evangélica e técnica de enfermagem de 43 anos, que prefere ser identificada apenas como Maria. "Não criei monstros, sempre os criei dentro da igreja", disse. Ela tem outros três filhos, dois meninos (12 e 17) e uma menina (14). Moram numa casa no morro São José da Pedra.
Na sala, além de vários adesivos com inscrições como "Deus é fiel", há fotos dos cinco filhos e dezenas de medalhas do marido, que é maratonista e também evangélico, Nilson Nonato da Silva, 43. Nilson é padrasto de Carlos Eduardo e pai do jovem de 16 anos.
Ela trabalha num hospital na zona sul e pediu para não ter o nome revelado para não sofrer retaliações. Afirmou que está sofrendo muito, chorou em diversos momentos da entrevista e contou que, de sexta--feira até ontem de manhã, emendou plantões extras para não ter que voltar para casa.
Na hora do crime, Maria e o marido estavam em um culto evangélico, na Gávea (zona sul)."Toda hora que eu fecho os olhos, vejo aquele carro arrastando aquela criança. Estou pedindo a Deus que me dê forças para ficar em pé", disse.
Apesar de o adolescente andar em "más companhias", é Carlos Eduardo quem tem histórico de problemas, conta a mãe. Fugiu de casa pela primeira vez aos dez anos e "virou menino de rua" até os 18, quando foi preso por roubar um celular. Dormia mais na rua do que em casa. "A gente buscava, trazia para casa e ele fugia de novo."
Foi Nilson quem levou Carlos Eduardo à delegacia, no último domingo. Carlos Eduardo diz que é inocente, mas é apontado pela polícia como o chefe do bando. "Para mim, foi como levá-lo a um matadouro", preocupa-se o padrasto que o criou desde os seis anos."Não temos certeza, não estamos aqui defendendo nenhum deles, mas queremos saber qual está falando a verdade. Acho que o Carlos Eduardo é mais capaz [de cometer esse crime]. É experiente, já ficou preso, sabe o que está atrás daquelas grades, da violência que há lá dentro. O mais novo não sabe o que iria sofrer ali dentro", diz a mãe.
A mãe não acredita que a redução da maioridade penal resolva o problema. "Se a Justiça fosse consertar meu filho, acho que ele podia ficar muitos anos preso. Mas ele é inexperiente. Quanto mais tempo ele passar lá, mais vai aprender coisas ruins. Eu sei porque foi assim com o Eduardo quando ficou preso quando era menor. Saiu pior do que entrou", disse.
Nilson, apesar de evangélico, acha que até a pena de morte vale, em crimes assim. "Tem que ter punição severa no Brasil, como nos Estados Unidos. Colocava na cadeira elétrica e pronto, acaba com isso. Fez uma vez, não fará mais." Ele pediu desculpas à família de João. "Estou sofrendo junto com eles, gostaria de poder abraçá-los e chorar junto com eles."
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio
A mãe de dois dos cinco presos acusados pela morte do garoto João Hélio Fernandes Vieites --Carlos Eduardo Toledo de Lima, 23, e um adolescente de 16 anos-- afirmou que o mais jovem contou a ela que assumiu o crime a pedido do irmão mais velho, já que, por ser menor de 18 anos, ficaria preso apenas "uns dois meses".
O adolescente estudou até a sexta série e Carlos Eduardo, até a quinta. Segundo a polícia, o jovem assumiu o crime, mas depois voltou atrás."Preferia estar no lugar dessa mãe e ter meus filhos mortos e enterrados [a vê-los presos acusados de crime tão bárbaro]", disse a evangélica e técnica de enfermagem de 43 anos, que prefere ser identificada apenas como Maria. "Não criei monstros, sempre os criei dentro da igreja", disse. Ela tem outros três filhos, dois meninos (12 e 17) e uma menina (14). Moram numa casa no morro São José da Pedra.
Na sala, além de vários adesivos com inscrições como "Deus é fiel", há fotos dos cinco filhos e dezenas de medalhas do marido, que é maratonista e também evangélico, Nilson Nonato da Silva, 43. Nilson é padrasto de Carlos Eduardo e pai do jovem de 16 anos.
Ela trabalha num hospital na zona sul e pediu para não ter o nome revelado para não sofrer retaliações. Afirmou que está sofrendo muito, chorou em diversos momentos da entrevista e contou que, de sexta--feira até ontem de manhã, emendou plantões extras para não ter que voltar para casa.
Na hora do crime, Maria e o marido estavam em um culto evangélico, na Gávea (zona sul)."Toda hora que eu fecho os olhos, vejo aquele carro arrastando aquela criança. Estou pedindo a Deus que me dê forças para ficar em pé", disse.
Apesar de o adolescente andar em "más companhias", é Carlos Eduardo quem tem histórico de problemas, conta a mãe. Fugiu de casa pela primeira vez aos dez anos e "virou menino de rua" até os 18, quando foi preso por roubar um celular. Dormia mais na rua do que em casa. "A gente buscava, trazia para casa e ele fugia de novo."
Foi Nilson quem levou Carlos Eduardo à delegacia, no último domingo. Carlos Eduardo diz que é inocente, mas é apontado pela polícia como o chefe do bando. "Para mim, foi como levá-lo a um matadouro", preocupa-se o padrasto que o criou desde os seis anos."Não temos certeza, não estamos aqui defendendo nenhum deles, mas queremos saber qual está falando a verdade. Acho que o Carlos Eduardo é mais capaz [de cometer esse crime]. É experiente, já ficou preso, sabe o que está atrás daquelas grades, da violência que há lá dentro. O mais novo não sabe o que iria sofrer ali dentro", diz a mãe.
A mãe não acredita que a redução da maioridade penal resolva o problema. "Se a Justiça fosse consertar meu filho, acho que ele podia ficar muitos anos preso. Mas ele é inexperiente. Quanto mais tempo ele passar lá, mais vai aprender coisas ruins. Eu sei porque foi assim com o Eduardo quando ficou preso quando era menor. Saiu pior do que entrou", disse.
Nilson, apesar de evangélico, acha que até a pena de morte vale, em crimes assim. "Tem que ter punição severa no Brasil, como nos Estados Unidos. Colocava na cadeira elétrica e pronto, acaba com isso. Fez uma vez, não fará mais." Ele pediu desculpas à família de João. "Estou sofrendo junto com eles, gostaria de poder abraçá-los e chorar junto com eles."
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