Dois acidentes no trecho catarinense da BR-101 com um mesmo modelo de carro - Honda Civic - me chamaram a atenção recentemente. No primeiro, morreu um advogado de Florianópolis. Menos de um mês depois, uma família inteira de São Paulo. Em ambos, os motoristas aparentemente perderam a direção do veículo. Ou seja, simplesmente saíram da pista sem conseguir fazer nenhuma manobra para reduzir o impacto. E noto que os trechos onde houve os acidentes são duplicados e com asfalto relativamente em bom estado de conservação.
Além, claro, das tragédias das famílias envolvidas, gostaria de analisar esses episódios do ponto de vista jornalístico. Em uma lista de jornalistas na internet, eu cheguei a sugerir que valeria a pena dar uma olhada mais de perto nesta história toda. Alguém replicou que apenas dois acidentes não significavam problema com os carros. Of course!
O que eu sugeri é que o assunto fosse investigado. Um jornalista deve ser aquele tipo que sempre duvida das coisas. Por isso é que somos chatos por excelência. Um bom repórter deve ter sempre uma pergunta na cabeça: "Será, mesmo?"
No caso dos dois acidentes, terá sido apenas coincidência? É um bom exemplo de que jornalista deve saber trabalhar com hipótese - e não com "tese", como se diz equivocadamente entre os coleguinhas. O que, num primeiro momento, pode parecer paranóia, pode se revelar uma boa história.
Buenas, mas onde estou querendo chegar? Aqui! A Honda fez um recall dos modelos Civic e Fit anos 2008. Um problema na válvula de combustível pode parar o motor. "[...]Algumas unidades podem apresentar vazamento e, em casos extremos, ocasionar a parada do motor, existindo eventual risco de acidente".
Claro que não há, ainda, - e pode nunca haver - relação entre o problema relatado pela empresa e os dois acidentes mencionados, mas é preciso levar essa hipótese em consideração. Mas apurar uma coisa dessas dá muito trabalho, e eu não estou em nenhuma redação de jornal.
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