quarta-feira, outubro 25, 2006

Conseguiram

Pronto. Eles conseguiram. Vejam no que dá esta história de cotas que levam em conta a cor da pele das pessoas. Um bando de idiotas se acha no direito de xingar os negros porque estariam tomando seus lugares nas escolas. Tanto os idiotas negros quanto os brancos incorrem no mesmo erro: o conceito de "raça" não se sustenta cientificamente. Somos todos iguais, portanto, como já declara nossa Constituição.

Da Folha de hoje:

KLEBER TOMAZDA
REPORTAGEM LOCAL

Três homens foram presos na madrugada de ontem colando panfletos racistas com críticas ao programa de cotas de vagas para afrodescendentes nas universidades públicas. O grupo foi flagrado com o material nas imediações da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, próximo a uma universidade.
Os três foram indiciados sob a acusação de crime de racismo - incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional. O crime é inafiançável e a pena é de 1 a 3 anos de prisão.
Os cartazes, que foram impressos do site do grupo White Power (Poder Branco) São Paulo, diziam: "Vestibulando branco. Hoje eles roubam sua vaga nas universidades públicas. E chamam isso de direitos iguais. Se você não agir agora, quem nos garante que eles não roubarão vagas nos concursos públicos? Devemos assegurar a existência de nossa raça e futuro de nossas crianças brancas". Também simula uma prova de vestibular feita por um negro com respostas com erros grosseiros e o carimbo de "aprovado".
O White Power São Paulo, que é investigado pelo Ministério Público desde 2004, se diz "nacional-socialista", prega a valorização da raça branca, a intolerância contra negros, judeus, nordestinos, imigrantes ilegais e homossexuais.
Os presos são: o autônomo Rogerio Costa Andrade, 27, o designer Eduardo Brandão Jarussi, 26, e o vendedor Emerson de Almeida Chieri, 34. À polícia, eles disseram que não são racistas. À Folha, disseram que têm o direito de expressar sua opinião (leia texto ao lado).
"O White Power é nazi-racista e está se organizando. Já foi denunciado por panfletagem pregando ódio contra negros e judeus no ABC há três meses", afirmou ontem Dojival Vieira dos Santos, da Afropress -Agência Afroétnica de Notícias. Segundo ele, o White Power se considera mais "ideológico do que os Skinheads [Cabeças Raspadas]", conhecidos pelas ações violentas.
A página do White Power SP na internet contém diversos artigos que enaltecem o nazismo. Ensina até "como divulgar a propaganda pró-branco", dá dicas de como colar os panfletos e até recomenda que os mesmos sejam afixados, entre 23h e 4h.
Segundo a polícia, os acusados, que são todos brancos, foram presos por volta da 0h35 de ontem. Dois têm a cabeça raspada: Andrade, que segundo a polícia possui tatuagens do grupo White Power e Skinhead, do qual teria sido membro atuante, e o designer Jarussi.
Já o vendedor Almeida Chieri, também indicado, já teve passagens na polícia por roubo, furto e posse de droga. "Não sabia que os cartazes tinham esse conteúdo. Pensei que se tratavam só de críticas as cotas para negros", disse ele à polícia.Chieri ainda alegou que tem dois filhos afrodescendentes com sua ex-mulher.
Os três foram transferidos para o CDP (Centro de Detenção Provisória) Independência, na capital.Eles já teriam afixado 20 dos 261 cartazes de cunho racista quando foram surpreendidos pela PM na esquina das avenidas Lins de Vasconcelos com a professor Noe Azevedo, nas proximidades da faculdade Unip e Metrô Vila Mariana.
Caso fique provado que os três ainda são responsáveis pela autoria do conteúdo dos cartazes, a pena pode aumentar para de 2 a 5 anos. Segundo a versão da polícia, Chieri estava com um soco inglês e um cartaz. Andrade segurava um tubo de cola e um rolo para pintar. Jarussi ficou dentro de um carro com cartazes.
O delegado-assistente Rui Diogo da Silva, do 36º DP, do Paraíso, onde foi feita a ocorrência, investiga a possibilidade de mais pessoas estarem envolvidas com os três acusados."Eles são contra a cota para negros e não se dizem racistas, mas a conduta prova o contrário. Menospreza a capacidade intelectual da raça negra", disse o delegado, que é afrodescendente e contrário às cotas raciais. "Acho que as cotas devem ser para alunos das escolas públicas, brancos ou negros."

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