terça-feira, outubro 03, 2006

Enfim, campanha eleitoral

Copio aqui artigo do economista Gustavo Ioschpe, na FSP de hoje, com quem concordo integralmente.

Que comece

O BOM DE haver segundo turno para a eleição presidencial é que talvez a campanha comece. Até agora, a impressão que se tinha era que esses candidatos estavam concorrendo à Presidência de um país escandinavo, em que tudo está resolvido e basta dar continuidade aos programas, mudando detalhes, para que o país continue no rumo tranqüilo do desenvolvimento sustentado em que se encontra. Há ao menos dois grandes temas que têm de ser abordados nessa reta final: modelo econômico e corrupção.
O Brasil vem patinando há 20 anos, enquanto o mundo tem passado por momentos de pujança não vistos talvez desde o final da Segunda Guerra. Os últimos quatro anos, especialmente, ofereceram uma combinação rara de cenário internacional favorável e sem crises e um aumento fenomenal no preço das commodities. Ainda assim, o Brasil não consegue aproveitar esses bons tempos.
Com sua política de juros reais estratosféricos, câmbio sobrevalorizado, ambiente institucional frágil e incapacidade de investimento público, seguimos adotando uma política de estabilização da moeda, de custos altíssimos, muito tempo depois dessa estabilização já ter sido conseguida. O programa que levou FHC à vitória em 1994 já estava com prazo de validade vencido em 1998, não fazia sentido em 2002 e hoje está literalmente morto, ainda que insepulto.
Os candidatos apresentarão propostas sobre como recolocar o país nos trilhos do crescimento? Alguém tem alguma idéia de como fazer o Brasil abandonar a posição de lanterninha de crescimento entre os emergentes? A nação espera. O segundo tema que precisa ser debatido e eviscerado é a corrupção. Sempre convivemos com ela, quando parecia se tratar de desvios de dinheiro público para fins privados. A situação piorou significativamente neste governo. Temos agora dinheiro público sendo usado para fortalecer um partido, temos mais de cem parlamentares envolvidos em um escândalo ou outro.
Temos vários políticos aparentemente buscando o Congresso apenas para obter imunidade. Nos aproximamos de um cenário em que a política é dominada pelo crime. E uma vez que ela se instala, cria um círculo vicioso difícil de romper: os corruptos legislam em causa própria; o Executivo vira um aliciador e transforma qualquer pacote de reformas em um leilão, transformando-se também ele em corruptor; gente séria fica cada vez mais desgostosa com a vida pública e se sente justificada em praticar a mesma bandidagem na vida privada. Com a eleição de Maluf e Collor, me pergunto se já não cruzamos o Rubicão.
Ou o próximo presidente bate com firmeza nessa questão ou seu mandato já nasce refém do balcão de negócios. A corrupção brasileira não é mais questão de moralidade. Já está corroendo as fundações da democracia. Alguém meterá o dedo na ferida ou têm todos o rabo preso?

GUSTAVO IOSCHPE é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA)

2 comentários:

Prof Shikida disse...

olá, meu caro. é o claudio shikida aqui. voce nao se esqueceu de mim, nao é? :-)

Anônimo disse...

Oi, PH. Tudo bem? Olha só, estou organizando meio em cima da hora
um almocinho para celebrar o meu aniversário. Vai ser sábado agora, dia 7 de outubro, ao meio-dia, lá no Rancho Açoriano, no Ribeirão da Ilha. É fácil encontrar; fica na rua principal. Se vocês puderem vir a Floripa, seria ótimo. Qualquer dúvida estarei com o celular 9944-3293. Abração! Maurício Oliveira