Diz a boa teoria econômica que quanto mais empresas ofertam um determinado produto, melhor para os consumidores, que podem escolher o menor preço ê/ou a melhor qualidade, etc. Ou seja, o ideal é que haja uma concorrência perfeita, com muitos vendedores e compradores. O monopólio, assim, seria prejudicial às pessoas.
Nas últimas décadas, tem havido uma tendência de concentração de produtores em alguns setores, inclusive na mídia. Essa é uma indústria muito peculiar, que suscita muitas análises românticas, completamente descoladas da realidade. As almas esquerdóides se alvoroçam a cada negócio fechado que poderia sinalizar uma concentração da produção jornalística numa determinada região ou no país. Diferentemente delas - que consideram "independente" um veículo desde que ele seja "progressista" ou qualquer outro lugar comum do jargão - meu conceito de independência de um jornal (ou revista, ou rádio, etc.) está relacionado a aspectos do mercado. Quanto mais ligado ao mercado, menos dependente do governo. E essa independência é que importa.
Aonde eu quero chegar? Vamos lá. Por exemplo: uma região onde quem dá as cartas é uma única organização de mídia, com rádios, jornais e emissoras de televisão. Isso é necessariamente ruim para o público? O senso comum diz que sim. Não há "pluralidade" de coberturas, de discursos (se preferirem).
Mas há um outro aspecto, o do mercado. Se a organização reina praticamente sozinha, deve abocanhar a grande maioria da verba publicitária da região. Se os anúncios vêm majoritariamente da iniciativa privada, a organização de mídia hegemônica (para usar um conceito deles) é muito menos dependente das benesses dos governos. Por ser forte comercialmente, tem condições de fazer coberturas jornalisticamente corretas. Isto é, se tiver que "bater" no poderoso de plantão, baterá, por não depender dele financeiramente.
Já a existência de muitos jornais e revistas pequenos não é garantia alguma de boa prática jornalística. Muito pelo contrário. Em todos os estados há aqueles jornalecos feitos para tirar dinheiro de político. Há muitos jornaizinhos e pouco jornalismo. A quantidade de produtores não garante o abastecimento do mercado com bons produtos jornalísticos. Eles são fracos e dependem das verbas oficiais.
Isso tudo, claro, se tivéssemos um mercado forte aqui no Brasil; se tivéssemos algo que pudésemos chamar de capitalismo. Como não há, as mídias regionais ficam puxando o saco de governadores e prefeitos, com exceções. A saída para tornar a mídia mais independente é: mais mercado.
Um comentário:
Eita, este é o PH!
A tchurma, claro, não vai gostar. Costuma falar em monopólios - assim mesmo, no plural.
Mereceste a chamada no De Gustibus.
Pronto: o PH não têm mais amarras ideológicas - diferentemente de todos, absolutamente TODOS os seus contemporâneo na Baiúca. E, olha lá, os que vieram depois também...
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