O professor Nilson Lage , um dos maiores pesquisadores em jornalismo do país, deu uma palestra na abertura de um evento sobre a qualidade do ensino de jornalismo - ou coisa parecida. Um evento sindical, devo dizer - daqueles que não me apetecem nem um pouco, em que tudo gira em torno da defesa da exigência de diploma para quem quiser ser jornalista. Mas isso não é a questão agora.
A palestra do professor Lage deveria ser ouvida por todos os coleguinhas. Em resumo, ele exortou os jornalistas a exercer o ceticismo. (Sei que é quase como jogar pérolas aos porcos, mas vale a tentativa.) Eu lembrei das aulas de Controle de Opinião Pública quando ele sapecou algo mais ou menos assim: se uma coisa precisa ser repetida o tempo todo, provavelmente não deve ser verdadeira. Lembrei do texto do Jean Marie Domenac.
Iconoclasta, Lage investiu contra dois dos discursos mais em voga por estes tempos. O recado aquele sobre a repetição tinha endereço certo: o tal aquecimento global. "Não se sabe se é humano", rebateu. E citou alguns períodos em que a temperatura da Terra se elevou muito mais do que agora.
Depois, sobrou para a agricultura familiar. "A China não vai alimentar um bilhão de pessoas com agricultura familiar."
Por fim, atirou naqueles que chamou de "neoesquerdistas" e "neodireitistas". "São sempre contra as idéias novas" - os transgênicos, por exemplo.
Lage foi na mesma linha do que já foi dito por aqui. Esquerdistas e direitistas - apesar dessas categorias não resistirem a uma análise rigorosa, mas aqui são tomadas por simplificação - são mesmo contra a ciência, contra as liberdades individuais, contra a propriedade privada e contra a democracia. Enfim, são contra a civilização.
Pena que a maioria dos coleguinhas continuem seguindo as mofadas cartilhas ideológicas do século XIX.
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