domingo, julho 30, 2006

Parabéns, Gian!

O meu amigo Giancarlo, praticamente um irmão, fez aniversário no último dia 28. Relapso que só eu, acabei não ligando pra ele. Para tentar reparar meu esquecimento, aqui está meus parabéns públicos. Vindo da família que veio, não poderia dar em outra coisa: um cara gente finíssima, presente, inteligente, de caráter irretocável e um pouquinho iconoclasta. Como dizem aí no Sul, parabéns pra ti, guri. Toda felicidade pra família.

Riscos à democracia?

Haverá algum risco às instituições democráticas depois dos estragos causados por mensalões e sanguessugas? Na Folha de S. Paulo deste domingo, Helio Gaspari trata abertamente da possibilidade de alguma aventura autoritária por parte do próximo governo, seja ele qual for, com a justificativa de que o Congresso, mensaleiro, não colabora com a aprovação de "reformas".

Uma outra matéria na mesma Folha trata de movimentos, criados por parte da "elite", que procuram meios internéticos para se mobilizar contra a corrupção. Associei estas duas matérias com um texto que o meu sogro me mostrou dias atrás, supostamente escrito por militares descontentes com o rumo do "bananão". Confesso que me deu um frio na espinha.

Mas, francamente, não acho que haja clima para aventuras desse tipo. Que forças políticas - pelo menos um grande partido - apoiariam uma coisa assim? Mesmo tendo o PT dado demonstrações de autoritarismo descarado (para mim isso fica mais claro no discurso e comportamento messiânico de seus seguidores), não vejo um grande partido disposto a radicalizar. Nem PSDB, nem PMDB. O PFL, bom... o pefelê sempre vai pra onde o vento sopra; de liberal só tem o nome. Mas no Brasil é assim, mesmo, uma coisa engraçada demais: liberais não têm vergonha de apoiar ditaduras.

Pelo sim, pelo não, melhor é elegermos um Congresso digno do nome. Porque está assim de gente por aí que cai na esparrela de que na ditadura não havia corrupção. O que não havia era imprensa livre para denunciar as mutretas. Puro senso comum.

Agora, cá pra nós, a que ponto nos levou o "nosso guia", heim? Estamos aqui de novo a discutir essas coisas que já imaginava enterradas! Realmente, o Luiz Inércio vai ficar na história.

quarta-feira, julho 26, 2006

O cara

Bons tempos aqueles em que os padrecos se dedicavam aos estudos! E não só de teologia, não, como bem demonstra a história de Thomas Bayes, reverendo do condado de Kent, na Inglaterra do século XVIII. Mais não conto; está tudo aqui. Imperdível!

segunda-feira, julho 24, 2006

Links novos

Tem dois links novos aí ao lado. Pensamentos públicos é o blog da minha ex-colega de faculdade Aline. Bom texto, bons causos.

O outro é o Sem ciência que, ao contrário do que o nome diz, trata de ciência, sim - e das boas. Não percam tempo em blogs chatos como este aqui e visitem aquelas dois lá.

Deserto

No inverno, São Paulo fica ainda mais aprazível: temperatura de 30 graus e umidade do ar abaixo dos 30%. Chegou a menos de 20%, no fim de semana.
Ontem fui levar o carro na oficina e voltei caminhando pra casa. Na metade do caminho, o nariz começou a arder e a garganta, a secar. Ah, nada como uma cidade segura, com ar puro e de trânsito fácil! Nem sei porque vou sair daqui.

quinta-feira, julho 20, 2006

Esquerda?

Tomara que a senadora Helóisa Helena (Psol) continue a crescer mais uns pontinhos para garantir o segundo turno nas eleições. Eu até preferiria que o Cristóvam Buarque crescesse mais, mas pelo jeitão da coisa, vai ser difícil.

A senadora bate no peito ao se proclamar de esquerda. Como tem o apoio do PSTU, pode ser considerada uma candidatura de extrema esquerda. Ou não? Bom, segundo informa a Folha de S. Paulo de hoje, não. Heloísa Helena votou contra a discriminalização do aborto e contra as pesquisas com células-tronco embrionária. É a favor apenas de experimentos com células-tronco de cordões umbilicais e de células adultas - o que restringe muito as pesquisas. "Para mim, cientificamente e espiritualmente, o embrião é uma vida", justificou. Engraçado como a nossa esquerda daqui se aproxima da direita lá de fora. Bush certamente assinaria embaixo da frase da senadora.

Como os rótulos "direita" e "esquerda" perdem cada vez mais o sentido, o negócio é escolher o candidato pelas propostas concretas. E a senadora, pelos exemplos citados, não terá o meu voto. Ainda mais depois de ter dito que aprendeu o socialismo na Bíblia! Como me disse um amigo, eu não gostaria de viver no mundo idealizado pela senadora, por mais honesta e bem-intencionada que ela seja.

Cara de pau

Não é piada minha, não; está nos jornais de hoje: Lula disse que perdeu o hábito de fazer campanha! E o que ele faz desde que assumiu (?) a presidência? Como diz um amigo meu, a cara não queima, não.

segunda-feira, julho 17, 2006

Cá como lá

Ê brazilzão! Três dos culpados pela morte de um casal de jovenzinhos no interior de São Paulo, há uns dois ou três anos, vão a julgamento. Mas o principal culpado, assassino confesso, era menor na época (16 anos) e pode ser solto em novembro próximo porque a lei não permite que fique preso por mais de três anos. O tal Champinha vai ficar barbarizando por aí de novo. Quero saber se o Estado vai se responsabilizar pelas atitudes dele depois de solto.

Enquanto isso, na Inglaterra, os policiais que mataram o brasileiro Jean Charles também foram eximidos de qualquer culpa porque "tinham ordem superior para matar". Isso mesmo!

Acho que a polícia de São Paulo vai poder usar o mesmo argumento para justificar a execução de vários dos mortos na represália daquele primeiro levante do PCC, em maio, lembram? O perito Molina, da Unicamp, constatou condições estranhas de morte em mais de 100 laudos. Os corpos tinham muitas marcas de bala, muito acima do normal em uma troca de tiros, e todas em regiões vitais. E os tiros foram dados de cima para baixo. Precisa dizer mais?

Não estou aqui pra defender bandido, não. Pelo contrário. Champinha, por exemplo, deveria apodrecer na cadeia, não importando se era menor. Os vagabundos do PCC também. É verdade que isso, no caso deles, não funciona muito. Afinal, já estão presos, mesmo. O problema é que o Estado não está aí pra executar ninguém, não.

E o problema maior é que pode haver um número enorme de inocentes nos mortos pela polícia. Quer dizer, a população está no meio do fogo cruzado entre bandido e polícia. Correr pra onde?

sábado, julho 15, 2006

Excelência

Quando soube que eu cursara jornalismo na UFSC, o professor da FGV-SP elogiou minha antiga escola, incluindo-a entre as melhores do país. Não tive como discordar. A UFSC sempre foi reconhecida pela excelência de apenas alguns poucos cursos, principalmente na área de engenharia.

Aos poucos, outros cursos também alcançaram tal estatura, como o de jornalismo, no qual me formei em 1997. Ele figura entre os três melhores do país há anos, em todos os rankings. Mas é imperdoável que ainda não haja cursos de pós-graduação stricto sensu. Se o cidadão catarinense quiser fazer um singelo mestrado, terá que sair do estado.

Tenho andado afastado da realidade da única universidade federal de SC, mas, mesmo assim, tenho notado que outros cursos seguem o mesmo caminho - felizmente -, a despeito de todas as restrições impostas pelo atual e pelos governos anteriores.

Outro curso que percebo ter dado um salto qualitativo imenso nos últimos anos é o de filosofia. O departamento ganhou as presenças de professores ilustres, principalmente vindos de São Paulo (USP e Unicamp), como Décio Krause e o internacionalmente reconhecido lógico Newton da Costa - entre muitos outros competentíssimos.

O resultado já começa a aparecer. O curso de doutorado em filosifia foi aprovado no ano passado.

E os professores também enriquecem o catálogo de ótimos livros da Editora da UFSC - há alguns anos mais voltados para livros didáticos na área das chamadas ciências duras. Em filosofia, há dois livros do professor Luiz Henrique de Araújo Dutra que já incluí na minha lista de prioridades: Oposições filosóficas: a epistemologia e suas polêmicas e Introdução à Teoria da Ciência. E do professor Orlando Tambosi recomendo fortemente O Declínio do Marxismo e a Herança Hegeliana.

sexta-feira, julho 14, 2006

Do Nassif, hoje na FSP

LUÍS NASSIF
Lembo no reino dos espertos
O GOVERNADOR Cláudio Lembo é dotado da boa-fé dos justos, quase até o limite da ingenuidade. Quando ocorreu a primeira invasão do PCC, percebeu logo de cara que tinha sido vítima de uma esperteza de seu antecessor, Geraldo Alckmin, que deixou estourar no seu colo a bomba da transferência para presídio de alta segurança das lideranças do PCC. Hoje, livre da batata quente, o ex-governador Alckmin continua criando máximas clássicas, como a de que a melhor maneira de combater o controle do PCC sobre os presídios é "atuar com inteligência, persistência e prender as lideranças do crime"... que controlam os presídios justamente por já estarem presas.

Depois, caiu na esperteza do secretário Saulo de Castro Abreu Filho, capaz de gastar 90% do tempo trabalhando explicações para justificar o que não conseguiu nos 10% restantes. Saulo criou o paradoxo do sucesso explosivo: quanto maior a eficiência das forças de repressão, maior a reação dos bandidos. A consagração virá, provavelmente, quando os criminosos conseguirem explodir a avenida Paulista.
Sua avaliação para a segunda onda do PCC é outro clássico: "Se comparar a situação de maio com a que está acontecendo, houve regresso. Há uma continuidade, mas não em intensidade. Isso simboliza que as pessoas não estão obedecendo cegamente, que a tal liderança começou a ser questionada e, na hora em que começa a ser questionada, a liderança perde força. Perdendo força, acabou". A última estatística falava em 106 ataques.
Aí o governador percebe que tem muito esperto no seu entorno e volta os olhos para o amigo Lula. Trata-o com deferência, convida-o a visitar o Palácio dos Bandeirantes. Em retribuição, Lula anuncia publicamente sua intenção de ajudar São Paulo a combater o crime - a maneira mais eficiente e deselegante de evitar qualquer pedido de ajuda e deixar o amigo em má situação.
Só aí Lembo provavelmente se deu conta de que Lula também é esperto. Tão esperto que, quando foi anunciado o Sistema Único de Segurança, no início do seu governo, tratou de afastar de si esse cálice, para não correr o risco de dividir o ônus de problemas de segurança com os governos de Estados. Preferiu a comodidade atual: a cada crise, ele oferece publicamente a ajuda da onipresente força especial de segurança. Ao seu lado, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reitera a oferta de ajuda e se permite criticar a "falta de inteligência e de gestão" da polícia paulista.
Ele tem na Polícia Federal um cérebro sem tronco e membros. Por baixo das ações espetaculares, tem-se uma PF sem gasolina para os carros, sem equipamentos básicos para seus escritórios, sem quadros para vigiar a fronteira, uma força que vive de ações tópicas. A única coisa que falta a São Paulo é um delegado Paulo Lacerda.
Nesse reino de espertos, sobrou apenas a boa-fé do governador Lembo. Que a conserve, não grande o suficiente para ser confundida com ingenuidade, mas na proporção exata de quem, em todo esse episódio, parece ser o único homem público sério, que não tenta tirar nem o corpo nem se prevalecer do desastre.

quinta-feira, julho 13, 2006

A inépcia

É impressionante como são competentes as nossas "otoridades". O secretário de segurança pública de São Paulo é um exemplo. Em entrevista ontem, ele tentou desqualificar a organização do crime organizado. Não seria tão organizado assim, com ações atabalhoadas a prédios públicos. Ora, se mesmo desorganizado o secretário não consegue combatê-lo, imagine se fosse organizado. Queria que ele comparecesse ao enterro de uma das vítimas e dissesse isso à família. Aliás, eu sugeriria ao governador Marcola que mandasse um mensageiro fazer uma visitinha desorganziada ao secretário.

O jogo de empurra-empurra continua. Lula empurra para cima de Alckmin, que devolve para Lula. Não adianta; eles esqueceram que são responsáveis pela segurança do país e só pensam nas eleições. A gente não pode esquecer disso.

Proponho voto em qualquer candidato, menos em Lula e Alckmin. E aproveito para fazer minha campanha por Cristóvam Buarque e Jeferson Perez, esse último o melhor senador da República.

De novo

Aconteceu de novo. A maior cidade do país amanheceu quase como há dois meses. Treze empresas de ônibus suspenderam os serviços; o terminal Santo Amaro, na zona sul, um dos maiores, da Capital, simplesmente não está funcionando. O rodízio municipal de veículos foi suspenso.

Os ataques já passam de cem em todo o estado. Cidades do interior e do litoral (15 ao todo) também registraram ataques. Pelo menos seis pessoas foram mortas. A diferença em relação a maio é que, agora, os alvos são civis: bancos, ônibus e até ambulâncias. Só na Capital 43 ônibus foram queimados.

quarta-feira, julho 12, 2006

Zidane

Recomendo a leitura de um artigo do blog 3quarks sobre o caso Zidane.
Só um pedacinho:
"Zidane's act was also an act of contempt for soccer. It may have clarified his priority for pride and honor over winning."

O blog vai pro link porque é ótimo.

terça-feira, julho 11, 2006

sobre homens e mulheres

Entrevista muito interessante esta da Veja.

Por quase dois anos, a jornalista americana Norah Vincent trocou sua identidade feminina pela de um homem.

"Ao ver de perto como os homens se comportam, desmontei a idéia muito propalada entre as mulheres de que tudo na vida é mais fácil para eles. Essa descoberta, confesso, foi um choque. A condição sexual sempre foi vista como um peso muito maior para as mulheres do que para os homens. As feministas queimaram sutiãs nos anos 60 para exorcizar isso. Mas os homens também têm de corresponder a tudo que se espera deles, o que pode resultar numa ansiedade brutal."

"O homem goza de péssima reputação nos dias de hoje. O mundo tende a ver a masculinidade como um desvio politicamente incorreto, assim como vê os brancos ocidentais como vilões por terem colonizado outros povos. Não faltam advogados de defesa dos negros e das lésbicas, mas o macho branco ocidental – e heterossexual, claro – é sempre demonizado. Espero que meu trabalho ajude a ver que é uma bobagem enxergar o mundo por esse prisma estreito."

"De forma geral, é mais fácil ser mulher. Pela natureza da vida social, as mulheres têm de fazer menos esforço para se arranjar – é só esperar até que os caras se aproximem e façam a corte. Se eles tiverem a sorte de não levar um fora, precisarão ainda gastar muita conversa – além de pagar a conta – antes de chegar aos finalmentes."

Como vêem, ela, que se diz homossexual, realmente entendeu as coisas.

sexta-feira, julho 07, 2006

novo link

Tem um link novo na lista aí do lado. É o do excelente blog do jornalista Marcelo Leite, especialista em ciências, Ciência em Dia. Tem um texto fantástico sobre óvulos masculinos. Aproveitem.

terça-feira, julho 04, 2006

Somos uns sortudos

Nos primeiros três meses deste ano, a carga tributária brasileira atingiu 40,69% do Produto Interno Bruto (PIB). O volume total foi de 194,87 bilhões de reais, ante 180,67 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2005. O PIB totalizou 478,9 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2006. A carga tributária equivale à soma da arrecadação de todos os tributos federais, estaduais e municipais.

Ainda bem que, em troca disso tudo, o estado brasileiro nos oferece educação, saúde e segurança da melhor qualidade. De outra forma, seríamos um bando de otários roubados a cada segundo pela máquina estatal.

domingo, julho 02, 2006

Dá-lhe Felipão

Dos cinco favoritos que listei numa nota destas, Brasil e Argentina já estão fora do mundial. Restam Alemanha, França e Portugal. Só não acertei a Itália, na qual sigo não acreditando. Joga mal, e tomara que seja massacrada pela Alemanha.
Entre França e Portugal, fico com os patrícios. É aquele lugar comum de torcer pelos mais fracos. Só mesmo um técnico como o Felipão para levar um time tão medíocre quanto o português à semi-final da copa do mundo.
Devo dizer que errei, já que minha primeira favorita era a Argentina - seguida por Alemanha, Brasil, França e Portugal. Gostaria de uma final Alemanha x Portugal. O título estaria em boas mãos. Os alemães têm o melhor time, na melhor acepção dessa palavra. Não é um monte de estrelas de salto alto, mas um time. Já os portugueses... bem, os portugueses é mais pelo seu espírito de superação de sua fragilidade.
Dos comentários sobre o Brasil, poupo-vos dos lugares comuns que desfiaria aqui.