O Jornal Nacional desta segunda-feira encerrou com uma matéria grande sobre a imigração para o Canadá. A matéria até que foi boa, mas tenho alguns reparos.
Primeiro, a matéria passou a impressão de que qualquer um pode imigrar para lá. Uma mulher entrevistada chegou a dizer que o país não precisa apenas de doutores, mas de qualquer tipo de mão-de-obra. É uma meia verdade.
É fato que o Canadá é país mais aberto à imigração entre os desenvolvidos. Isso não quer dizer que seja fácil. Antigamente era; agora, não mais. Para conseguir imigrar, o candidato deve somar 67 pontos de um máximo de 100 num teste que pode ser feito pela internet. Se atingir isso, tem boas chances, mesmo que não tenha arranjado emprego lá.
Essa é, aliás, a grande diferença do Canadá para os outros países: você pode imigrar sem ter um emprego certo. Eles avaliam o potencial de cada pessoa de se estabelecer por lá. Eles precisam, sim, de todo tipo de mão-de-obra, mas é difícil um pedreiro, por exemplo, passar no teste de imigração por aqui. A menos que consiga um emprego antes mesmo de ir, o que é bem difícil.
A matéria só ouviu gente que já está lá e nem sequer mencionou o tal teste de imigração. Ainda assim, só entrevistou gente trabalhando na construção civil.
Pensando melhor, a matéria ficou uma porcaria. Deveriam ter entrevistado gente que passou pelo processo de imigração e já está lá trabalhando legalmente. E também os que ainda estão por aqui esperando o resultado. Ficaria muito mais completa.
Mesmo com todos esses reparos, o Canadá é, sim, o país mais aberto à imigração. Para os Estados Unidos, por exemplo, é impossível imigrar se não for para trabalhar, digo, se o cidadão não tiver um trabalho certo.
Estive em Toronto em 2001 e adorei a cidade. Mas queremos mesmo é morar em Vancouver, do outro lado, no Pacífico. É que a província de Ontário, onde está Toronto, passa por algumas dificuldades econômicas. Já não é a mais pujante do país. Esse título é de Alberta, onde o petróleo jorra fácil. Mas Vancouver, em British Columbia, é a melhor cidade para viver. Entre as dez melhores escolhidas na pesquisa da Economist, há também Calgary e Toronto.
3 comentários:
Já não é a primeira vez que eles fazem uma matéria sobre imigração para o Canadá que passa esta impressão: a de que é só chegar no aeroporto e entrar.
Foi, guardadas as devidas proporções, o mesmo quando fizeram uma matéria sobre a "preferência" que os pedestres teriam sobre os carros nas vias públicas. A matéria deixou claro que os carros sempre têm que parar para o pedestre passar. Mas "esqueceram" de dizer que nos locais onde há semáforo, por exemplo, o pedestre não pode atravessar se o sinal estiver verde para os carros. E dá-lhe atravessar na faixa com o sinal aberto para os carros e ainda xingando o motorista. Desserviço total.
Marcelo Santos
Quanto à preferência aos pedestre, Marcelão, é verdade. Em qualquer situação em que não haja sinalização específica o pedestrete preferência. Mas se o pedestre desrespeitar a sinalização também é punido. Lá pedestre também é multado! Ou seja, direitos e obrigações. Coisa de gente civilizada ;)
abração
Concordo contigo. Foi exatamente o que eu disse. Na falta de uma sinalização específica (como é o caso dos locais com semáforos), a preferência é sempre do pedestre. Mas acontece que a matéria do Fantástico, na época, não deixava isso claro. Quem não conhecia a lei e viu aquilo lá, saiu achando que podia passar na faixa em qualquer lugar, porque os carros tinham a obrigação de parar. Eu mesmo uma vez fui xingado por um pedestre ali no centro de Florianópolis porque não dei preferência para o asno passar, quando o sinal estava verde para mim.
Quanto à multa para pedestre, acho correto. É um absurdo que as pessoas possam fazer o que querem nas ruas, correndo o risco de causar um acidente, só porque têm preguiça de andar até uma faixa ou porque não têm paciência para esperar pelo sinal. Ali na frente do Terminal de Integração do Centro (Ticen) alguns já foram atropelados. Aquele sinal fica 75 segundos (+ ou -) aberto para os pedestres e uma merreca de tempo para os carros. O problema é que se o cara atropela um pedestre ali, vai se incomodar pelo resto da vida.
Abraço,
Marcelo Santos
Postar um comentário