quinta-feira, setembro 28, 2006

Um verdadeiro democrata

Requião quer se reeleger no Paraná, nem que para isso tenha que calar a imprensa. É isso que dá ficar andando com o Chávez.


MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A coordenação jurídica da campanha de reeleição do governador licenciado do Paraná, Roberto Requião (PMDB), reapresentou ontem no Ministério Público do Estado um pedido de providências que inclui a quebra de sigilo telefônico de quatro jornalistas, para apurar possível vazamento de informações da investigação sobre o chamado caso Rasera.O policial civil e ex-assessor do governo do Paraná Délcio Augusto Rasera, que está preso, é acusado de comandar uma quadrilha de arapongas que se valia de grampos telefônicos na espionagem. Até ser preso, ele trabalhava no Palácio Iguaçu.O pedido foi protocolado na Corregedoria Geral do Ministério Público do Estado e também pleiteia quebra de sigilo dos promotores e policiais que atuam na investigação, centralizada na PIC (Promotoria de Investigações Criminais).Por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público, o corregedor-chefe, Ernani de Souza Cubas Filho, informou que só fará uma análise do pedido hoje. Apesar de divulgar anteontem que reapresentaria o pedido na Corregedoria, a coordenação jurídica da coligação que tem o PMDB à frente só cumpriu as exigências do órgão no final da tarde de ontem.O objetivo dos advogados da coligação pró-Requião é chegar às fontes das informações trazidas nas reportagens sobre o caso. De forma velada, os advogados atribuem o vazamento aos promotores da PIC. Eles consideram ""crime" o vazamento de informações da investigação, devido à proteção do segredo de Justiça.A repórter da Folha em Curitiba, Mari Tortato, e os jornalistas da "Gazeta do Povo" Caio Castro Lima, Carlos Kohlbach e Celso Nascimento são relacionados no pedido. A primeira investida do PMDB na Corregedoria se deu sexta passada. Mas o corregedor exigiu procuração da Coligação Paraná Forte para o advogado Cezar Eduardo Ziliotto, que assina o pedido, antes de analisá-lo.No último sábado, os advogados de Requião também tentaram no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) obter uma liminar para impedir a publicação de uma reportagem da Folha sobre o caso, ainda em apuração. O juiz Munir Abagge negou. Disse que, se acolhesse, estaria cometendo ""gritante censura prévia" e atentando contra a liberdade de imprensa.Hoje, a PIC envia ao TRE cópias do inquérito do caso Rasera. Há indícios de que os grampos alcançaram políticos que disputam esta eleição. O juiz criminal Gaspar Luiz Mattos de Araujo Filho, de Campo Largo, na região de Curitiba -onde corre a ação contra a quadrilha de arapongas-, define até o final da tarde de hoje se acata a denúncia contra o ex-assessor e mais 19 envolvidos.""Não queremos saber sobre o que conversam os jornalistas, só identificar eventualmente o servidor público responsável por vazar documentos sigilosos", disse ontem um dos advogados que representam Requião, Guilherme Gonçalves.Disse não reconhecer no pedido violação do direito constitucional do jornalista de manter a fonte sob sigilo.No editorial "O direito de saber", publicado na edição de ontem, a Folha afirma "que fica patente a tentativa do candidato do PMDB, acuado por suspeitas que rondam a sua administração, de constranger o livre exercício do jornalismo".Em nota anteontem, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) disse que o pedido da coligação de Requião "demonstra vocação autoritária e falta de espírito democrático".

3 comentários:

Paulo X disse...

agora a imprensa descobriu a verve autoritária de Maria Louca????

Orlando Tambosi disse...

Não há nada que o tempo não destrua. Há bastante tempo, cheguei a achar que o tiranete Requião era um sujeito razoável.

Anônimo disse...

ooooh...
hipócritas
como se não soubessem que a coligação do candidato Osmar Dias (PDT) CENSUROU (nota-se, não tentou, censurou) a imprensa em virtude das fortes acusações contra o seu candidato a vice.
Mas é claro que ninguém fala nada, ninguém reclama e nem acha ruim, manipulados!