O aparelhamento do Estado continua pela trupe petralha. Depois de dominar os grotões com os programas assistencialistas (cujo objetivo é manter os pobres nesta condição para garantir o voto nas próximas eleições), agora o governo petista vem com a história de criar uma rede nacional de TV. Por quê? Ora, porque a "grande imprensa", a imprensa "dazelite", do malvado capital, só publica "mentiras". Mentira, aqui, entende-se por tudo aquilo que desagrada ao poder petista.
O negócio, agora, é conquistar corações e mentes. Como não somos um povo muito reconhecido pelo poder intelectual, não deverá ser uma tarefa muito difícil. Depois a gente diz que não sabe para onde vai tanto imposto!
A Folha de hoje traz uma matéria mostrando que, a exemplo do descalabro que aconteceu no orçamento dos jogos Panamericanos, a estimativa do governo para criar a tal TV petista está subestimado.
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A criação de uma rede estatal de televisão, com cobertura em todo o território nacional, como anunciado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, pode custar no mínimo R$ 523,36 milhões, segundo cálculos de fabricantes e de engenheiros ouvidos pela Folha.
Na segunda-feira passada, Costa apresentou ao presidente Lula a proposta de criação da Rede Nacional de Televisão Pública, ligada ao Executivo, que implicará, segundo ele, em investimentos de R$ 250 milhões em quatro anos.
Na ocasião, Costa disse que a intenção é fazer com que o sinal da nova TV chegue a todos os municípios (5.564). Há no Brasil, segundo o IBGE, 4.458 municípios com população de até 30 mil, dos quais 1.370 têm menos de 5.000 habitantes.
Segundo informação dos fabricantes de equipamentos, o principal item de custo de uma rede nacional de TV é levar o sinal aos pequenos municípios. O custo de um posto de retransmissão mais simples, para localidades com até 10 mil habitantes, foi calculado pelo presidente da Abirt (Associação Brasileira da Indústria de Radiodifusão), Eduardo Santos de Araújo, em R$ 50 mil.
Ou seja, para cobrir os 2.581 municípios com essa população, seria necessário um investimento de R$ 129 milhões.Se o governo for instalar retransmissores em todos os municípios, gastará, pelo menos, R$ 443,36 milhões, fora o investimento na implantação da emissora que vai gerar a programação e colocá-la no satélite para ser retransmitida.
A projeção dos R$ 523,36 milhões foi feita com a máxima economia de custos. Pressupôs, por exemplo, o compartilhamento de torres de retransmissão com outras emissoras, e cessão de terrenos por prefeituras, prática que o ministro cogitou adotar no projeto.
Costa não explicou como chegou à sua cifra, de R$ 250 milhões. Em entrevista à Folha, na terça-feira, disse que se tratava de um número inicial, que precisa ser ""refinado".
Há vários pontos obscuros em relação à estrutura da TV estatal pretendida pelo ministro. O primeiro ponto refere-se à Radiobrás. Costa disse que não está decidido se será aproveitada a estrutura da Radiobrás, que cobre 30% do país.
Segundo especialistas, se o governo for implantar uma rede paralela à da Radiobrás, terá de instalar uma emissora geradora, que será a cabeça da rede. Uma geradora de médio porte, com capacidade de produzir 24 horas de programação, custa, no mínimo, R$ 84 milhões.
Costa afirmou, por meio de sua assessoria, que a decisão final sobre o projeto será dada pela Secom. Em relação ao custo apontado por fabricantes, disse que, se o projeto for compartilhado com Estados e municípios, diminuirá o dispêndio do governo, mas não comentou a diferença entre o valor apontado pelos fabricantes e sua projeção de R$ 250 milhões.
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