Itajaí teve cerca de 90% do território submerso. Segundo a Prefeitura Municipal, cerca de 14 mil pessoas ficaram desabrigadas e estão agora nos quase 100 pontos de abrigo no município. No ginásio de esportes da Univali (Universidade do Vale do Itajaí) estão 371 pessoas. Deitadas em colchões no chão, algumas assistiam à televisão, outras escutavam rádio, enquanto as crianças brincavam com uma pequena bola de plástico e duas traves improvisadas com sandálias.
O soldador Eriovaldo Santos, 37, estava lá com a mulher e três filhos. A casa da família, no bairro São Vicente, está com água no teto. “Encheu rápido demais. Quando vi já estava entrando água em casa. Meu menino estava sendo levado pela correnteza, mas eu consegui sugurá-lo”, contou, chorando. Paraibano de nascimento, chegara a Itajaí há três meses, depois de sete anos em São Paulo.
Ao lado, Manuela Rodrigues, 27, contou que a mãe resistira quase três dias em cima da laje da casa até ser resgatada ontem à tarde. “Passou fome, frio e sede.” Mas, agora, no abrigo, todos estão alimentados e protegidos. “Aqui é muito bom. Temos boa comida, colchão e até medico”, elogiou Santos.
O drama das famílias desabrigadas não vai embora com as águas. Erinaldo Félix, 29, está no abrigo com a mulher e duas filhas pequenas e já pensa na volta para casa. Ele disse que não vai ser nada fácil ver a casa destruída. Além dos móveis e eletrodmésticos, a chuva também levou as compras do mês que ele acabara de fazer. “Vai ser outro baque.”
O quartel-general de socorro às vítimas de Itajaí foi montado no Pavilhão da Marejada. O vice-governador, Leonel Pavam (PSDB) disse que 12 mil colchões (dos quais dois mil nos próximos dois dias) e 280 toneladas de comida estavam a caminho dos municípios do Vale do Itajaí.
Uma das preocupações agora é com a segurança pública. Tem havido muitos saques a residências e ao comércio. O supermercado Maxxi foi saqueado por mais de mil pessoas. Os caminhões com donativos estão saindo do Pavilhão da Marejada sob escolta para evitar que sejam saqueados. Os detentos do presídio de Itajaí ameaçaram uma rebelião por falta de água e comida, mas a situação foi controlada pela polícia.
A economia do município também está seriamente afetada, principalmente por causa dos prejuízos do porto de Itajaí. Três dos quatros berços de atracação foram danificados pela força das águas. Fechado desde a última quinta-feira (20), as cargas continuam no pátio e não podem ser embarcadas nem retiradas até que as águas baixem. Cerca de US$ 33 milhões deixam de ser exportados por dia. O porto representa quase 70% da economia da cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário