domingo, janeiro 15, 2006

Falei com o homem


Já tinha tentado algumas vezes, mas só consegui numa tarde de domingo de setembro. Estava apurando uma matéria sobre teoria dos jogos e o Nobel do ano passado. Alicia Nash atendeu; pedi pra falar com o marido. "It´s for you, darling", ouvi ela dizer ao passar o telefone para John Nash, um dos maiores matemáticos do século XX e, desde 2001, celebridade por causa do filme Uma Mente Brilhante. Ele ganhou o Nobel de Economia, em 1994, já parcialmente recuperado depois de três décadas submerso na esquizofrenia.
"Senhor Nash", eu disse, "sou um jornalista brasileiro e tenho estudado a história da teoria dos jogos. Estou escrevendo um artigo sobre isso e gostaria de entrevistá-lo". Ele respondeu que não falaria por telefone e pediu que eu mandasse as perguntas por email. A ligação deve ter durado uns dois minutos.
Mandei o email e vejam vocês o que o Fantasma de Fine Hall me respondeu: "Dear Mr. Sousa, There are TOO MANY questions. After I became more widely known because of involvement with a (Hollywood) film I became more guarded about interviews.So I have not been accepting interview requests on an automatic or general level. I am sorry that I cannot afford to be more obliging about interview requests in general. Sincerely, John F. Nash, Jr." Explicando: eram "apenas" 15 perguntas, bastante específicas, pra que ele não reclamasse que poderia escrever um livro sobre cada uma delas.
Quando o filme foi lançado, jornalistas do mundo todo correram para entrevistá-lo - brasileiros, inclusive -, mas o velhinho esnobou a maioria. Não tive sorte diferente. Mas valeu a tentativa.

[Fumando um Partagas que ganhei do sogrão]

2 comentários:

Orlando Tambosi disse...

Este é o Paulão!

Não deu, mas você continua mergulhado na teoria dos jogos. TEremos um ano de muito jogo no Bananão....

Abração, Tambosi

Anônimo disse...

pH,

gostei. Bacana. Mas pelo menos ele lhe respondeu. Invejo pelo Partagas.
Abs
aluízio amorim
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